Carnaval de 1968: o Carnaval Cinquentão

E como estamos em época de carnaval, hoje vou relembrar um dos maiores Carnavais que já se realizou aqui em nossa cidade: o Carnaval de 1968, o Carnaval Cinquentão.

Tudo se iniciou no dia 20 de fevereiro de 1968, quando aqui esteve o cantor Wilson Simonal, com o objetivo de coroar a eterna rainha de Catanduva, Amália Marangoni. O evento ocorreu em um tablado armado no Parque das Américas e contou com a presença de grande quantidade de populares, onde teve- se início um mini corso e um carnaval de improviso, ao longo da Rua Brasil.

Mais tarde, realizou-se um grande baile de gala no Clube dos 300, com animação de Arley e sua Orquestra. Neste evento, estavam presentes, entre outros, o prefeito municipal José Antonio Borelli, que era um folião nota 1000, bem como o Rei Momo José Carlos de Lucca, a Rainha Amália Marangoni, o cantor Wilson Simonal, o cantor e compositor Jorge Costa, o Sr. Júlio de Mesquita Filho, proprietário do jornal O Estado de São Paulo, Amaury Júnior e a Escola de Samba do Higienópolis.

A folia

Quando de fato o carnaval chegou, uma multidão de, aproximadamente 50.000 mil pessoas, fazia do carnaval uma festa familiar, com a presença de crianças e idosos estendidos pelos dois lados da Rua Brasil.

Foram 12 carros alegóricos ricamente ornamentados que deram brilho ao carnaval de 1968. Participaram além dos carros oficiais (Rei Momo, Rainha, Princesas, dos blocos e o do Gruda), os da firma João Caparroz, representando a Ford e Willys, Usina Catanduva, Ventiladores Novelli, em forma de trem, que foi uma grande atração, Liga Catanduvense de Futebol, Associação Nipo-Brasileira; os jipes, as ximbicas e outros carros antigos, todos pintados a caráter e barulhentos como convém, fizeram grande sucesso em suas apresentações, especialmente pela alegria de seus foliões.

Uma das escolas que se destacaram foi a Escola de Samba Higienópolis, que na época tinha como presidente a figura do Sr. João Alberto Caparroz, comandada pelo cantor e compositor Jorge Costa.

A pomposidade de tal escola foi tamanha que conseguiu a primeira colocação, seguida pela Coração de Bronze, Cruzeiro do Sul, Vila Motta, 13 de maio, D. Pedro II e Feiticeiras do Cinqüentão.

Clubes

Como sempre ocorria em Catanduva, os bailes carnavalescos foram sensacionais e em todos os salões era possível perceber uma enorme alegria por parte dos foliões catanduvenses. No Clube dos Bancários, animação de Hélios Tricca e seu conjunto; na Sociedade Nipo-Brasileira, animação do Conjunto de Horácio Crepaldi; no Coração de Bronze, no Treze de Maio, no Cruzeiro do Sul e num tablado armado no Parque das Américas, um baile popular com a animação de J. Rodrigues e sua orquestra.

No Clube de Tênis a festa foi gigantesca, contando com a presença de 3.000 foliões. Nessa época, o clube era presidido por Gentil de Ângelo, tendo como auxiliares Wamberto Ceneviva,

Silas Ben-Hur Castilho, Newton B. de Carvalho e Euclides Pereira. A animação desse ano foi com a grande orquestra de Osmar Milani, de São Paulo. No concurso de fantasias sobressaíram Naur de Oliveira Bessa (George Hamilton) e sua esposa Neusa de Oliveira Bessa (Neves de Kilimanjaro), que eram proprietários do Hotel Presidente e originalidade, Suely Castor Pardo (Arauto do Rei).

Rei e Rainha

Um destaque para o Carnaval de 1968 foi a escolha da Rainha que recaiu na pessoa simpática de Amália Marangoni, considerada por muitos como a “rainha das rainhas”. Sua majestade se envolveu desde os primeiros momentos nos planos de organização e divulgação do nosso carnaval, indo a São Paulo, participando dos principais programas de televisão e visitando os principais jornais, propagando nosso carnaval e demonstrando que ele seria um grande sucesso, como realmente foi. Ostentando maravilhosas fantasias e irradiando muita alegria, Amália gravou seu reinado com letras de ouro no maior carnaval da história de Catanduva. Amália teve sua beleza emoldurada por finos trajes e fantasias desenhadas por Dona Tuzinha Rezende: “Labareda”, “Traje Real”, “Toureiro” e “Champangnota”, todas confeccionadas e bordadas por madame Didica, arranjos de cabeça por Zilda Pigon e sapatos por Rômulo.

E o Rei Momo, que pela quinta vez usava a coroa, também não ficou atrás: usou fantasias riquíssimas e cheias de detalhes e riquezas: “Romanoff, O Grão Duque da Prússia”, “Imperador Constantino, de Bizâncio”, “Aga-Khan” e “Bodas do Rei do Sião”, todas executadas por madame Maria Sganzerla.

Nesse ano, Catanduva contou com uma grande quantidade de visitantes. Aproximadamente 6.000 pessoas vieram de vários lugares, como Londrina, Campo Grande, Porto Alegre, Salvador e outras.

O ex-governador Laudo Natel, juntamente com sua esposa, Dona Zilda, também veio abrilhantar a noite de domingo, sendo recepcionados pela família Pachá e pelo prefeito municipal José Antônio Borelli.

Fontes:

- Jornal A Cidade, de 29 de fevereiro de 1968.

- Revista Feiticeira, de março de 1968.

- Material pesquisado no Centro Cultural e Histórico Padre Albino.

Fotos:

Amália Marangoni, Rainha do Carnaval Cinquentão e Rei Momo José Carlos de Lucca, em 1968

O Carnaval de 1968 iniciou-se em 20 de fevereiro de 1968 com a coroação da Rainha Amália Marangoni. Na noite deste dia, realizou-se um grande baile de gala no Clube dos 300, com animação de Arley e sua Orquestra. Nesta imagem, de 02 de fevereiro de 1965, Arley e seu conjunto de ritmos na entrada do Clube de Tênis de Catanduva, pela Rua Sergipe. Sobre a Kombi, Arley Nazzuia. Na frente, Bitita. Atrás, Fernando Mazzuia. À esquerda: Toninho Canozo, Wolney, Sebastiãozinho e Francisco Moscatel. À direita, Antonio Garcia, Rui Gabriel e Paulo Morabito.

Miguel Stéfeno, Dr. Olavo Fontoura, Wilson Simonal, Júlio de Mesquita Filho e Amaury Júnior em noite de gala no Clube dos 300, em 20 de fevereiro de 1968

Eliana Amorim, Carmen Sílvia Manzano, Sílvia Nechar, Ilka Bossolan e Marlene Motta em desfile pela Rua Brasil no Carnaval de 1968, o Carnaval Cinquentão

Decalque afixado nos carros para divulgação do Carnaval Cinquentão, considerado um dos maiores carnavais da história de Catanduva

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.