Caminho sem volta
A apresentação feita à imprensa pela Prefeitura de Catanduva e a Rumo Logística, ontem, parece ter tido seus passos devidamente calculados. A etapa era necessária para ninguém dizer, no futuro, que não houve exibição pública do projeto que deverá alterar o sistema viário da cidade para sempre. Não foi uma audiência, em que as pessoas têm a chance de opinar, questionar; foi uma demonstração e de que isso está em andamento e que, até onde consta, é irreversível. A verdade é que a prefeitura e a Rumo foram bem comedidas nesse contato público. Talvez em razão do histórico de polêmicas envolvendo os trilhos, descarrilamentos, o novo contorno ferroviário e até o episódio em que foi proposta a derrubada do viaduto Santo Alfredo, na rua 7 de Setembro, para possibilitar, na época, a passagem dos trens double stack – que têm um vagão em cima do outro. Foi exibido vídeo no telão, mas sem listar as obras, que só viriam em material impresso entregue aos jornalistas. Além disso, a representante da Rumo estava muito bem preparada para responder com cautela os questionamentos, mesmo os mais espinhosos. O novo contorno ferroviário que se pretendia fazer também foi abordado de forma tranquila, com a explicação de que ele ficou obsoleto, da época da elaboração até os dias atuais, e que ficaria ainda mais até eventual execução das obras, por envolver grande número de desapropriações e devido ao crescimento da cidade. A alegação é que os conflitos urbanos retornariam, anos mais tarde, à medida que o trecho urbano avançasse e encontrasse novamente os trilhos. Por outro lado, a concretização do projeto que está sendo elaborado foi apontada como o caminho correto e ideal, dadas as experiências de outros municípios do país e do exterior, por “isolar” de fato a área de uso da linha férrea e fazer com que todos os cruzamentos sejam em desnível, por cima ou por baixo dos trilhos. Esse parece ser o desfecho dessa longa história que há muito assistimos.
Autor