CAFÉ MINUTO - 23.06.23

EXPOSIÇÃO – Na Hayward Gallery, em Londres, uma exposição foi considerada pelos visitantes uma das melhores. Até ai tudo bem. O detalhe é que as obras expostas eram “invisíveis”. Não havia nada para ser observado ou tocado. As paredes do local, todas brancas, com telas, pedestais, sem absolutamente nada! Apenas com o nome da “obra”. Isso é arte? Sim, desde que na década de 50, Ives Klein, sem ter o que fazer, afinal ele nada sabia fazer, idealizou uma exposição em Paris com as salas vazias. Ele pintou as paredes de branco, trabalhou o espaço – como trabalhar um lugar vazio? – e chamou de “a especialização da sensibilidade no estado material cru da sensibilidade pictórica estabilizada”. Entendeu? Nem eu. E provavelmente muita gente também não. Bem, em outras palavras: “em matéria de principalmente tudo o mais são coisas. Partindo disso, em última análise o resto é secundário”. Agora sim, entendi, afinal fui eu quem criou essa definição. Esse vazio artístico caiu no gosto de alguns “artistas” que não entendem nada, mas para eles “a arte é uma ideia, uma pesquisa e um projeto, não necessariamente um objeto, como uma escultura ou pintura”. O que quer dizer, entretanto, que são cabeças sem massa encefálica.

JOELBOLINO – Chega em casa com uma caixa de Mate Leão e entrega a Fleulindosa, sua esposa. – Joelbolino, eu pedi uma caixa de veneno para matar rato e você me traz Mate Leão?! – Ora Fleu, se mata leão, não vai matar um ratinho atoa?!!! – Joelbolino, vamos amanhã a uma festa de 15 anos? – Vamos, mas só posso ficar uma semana.

PESQUISA – Feita sobre o comportamento após sexo revela que 8% deles viram para o lado esquerdo e dormem, 12% viram para o lado direito. E 80% voltam para a casa depois.

ESPETÁCULOS – Até o ano de 2000 quem quisesse ver um super espetáculo musical tinha que ir a Broadway. Hoje não precisa mais. S. Paulo tem hoje, em média, seis espetáculos em cartaz. Família Addams, orçado em 25 milhões de reais, foi visto por mais de 100 000 espectadores. E ninguém ganhou Chiclete. Tim Maia, o Musical, levou 200 000 pessoas para ver o sobrinho de Silvio Santos incorporado em Tim Maia. 135 mil pessoas foram ver José Mayer em Um Violinista no Telhado, para ver se ele caia. Priscilla – A Rainha do Deserto, com um cenário des-bun-dan-te de um ônibus, que custou 1,5 milhão de dólares, vendeu 120 mil ingressos. Como veem, o musical em S. Paulo está em alta. Está longe de ser uma Broadway, claro, mas ninguém precisa mais voar até New York. É só pegar o carro, ou o bus e ir a SP.

JÁ ERA – Aquela música que se chamava sertanejo já era. Hoje tem o pomposo nome de Popnejo. Isso se deve a uma mistura de ritmos. E é uma das preferidas de quem ouve rádio FM, conforme pesquisa da Marplan, feita na Grande S. Paulo. 44% dos entrevistados disseram gostar de ouvir essa mistura. Lá atrás, com 34% vem o samba, quase empatando com a MPB. Depois, o rock e lá atrás outros gêneros: eletrônica, forró, gospel, erudita e funk (empatados), estão na lista. E se a pesquisa fosse feita também no imenso interiorzão, tranquilamente ia dar mais de 50% de prefêrencia. Então, o sertapop é a música do Brasil e até de Deus. A voz do povo não é a voz de Deus?!

CARRÃO – A loira chega com sua nave, um carrão lindo, a uma loja de acessórios. Todos os atendentes correm para atende-la, tal a sua beleza e de seu carro. Ela logo vai dizendo – Quero instalar um para-raios no meu carro. O gerente da loja, surpreso, explica a ela que não conhece esse equipamento, que nunca ouviu falar nos seus mais de 20 anos no ramo. – Helooouuu! Ô seu desinformado, nunca ouviu dizer em sequestro relâmpago?!

VOAR – Houve um tempo que voar era o maior barato. Podia sair mais barato do que ir de bus. Como milagre não existe, as companhias aéreas passaram a cobrar por serviços que antes eram de graça. Então... Será que não acabou ficando o mesmo preço? Elas alegavam que os preços das passagens diminuíram e os custos operacionais aumentaram. Verdade! Tanto é que as aéreas tomaram prejuízo. Ora porque então diminuíram o preço? Refeições a bordo só levando marmitex. Serviam uma barrinha de cereal. Café e sanduba eram cobrados. Viajar nas primeiras filas ou próximo das saídas de emergência pagava-se uma taxa. Embarcar menor desacompanhado, mais outra taxa. Mas, poderia ir ao banheiro quantas vezes quisesse, era grátis. E o ar para respirar também.

PRESÍDIOS – Um Ministro da Justiça foi fundo quando disse que os presídios eram medievais e que preferia morrer a ir para um deles. Ele foi franco. Qual a novidade? Todos sabem que as prisões são péssimas e não consertam ninguém. E entra governo, sai governo nada se fez até agora para mudar a situação. E não adianta dizer que governos passados também nada fizeram. Um erro não justifica outro. Mas o problema dos presídios é mais um, entre vários. Se há coisas que funcionam mal, não poderia ser diferente com as prisões. E também não adianta melhora-las e deixar outras necessidades do país para trás.

O TREM E O BONDE – Certo dia, Julinho Fiore, um querido primo de meu pai, foi visitar-nos em Santos. Nessa época, 1900 e qualquer coisa, havia uma linha de trem que saia do porto e cortava boa parte da cidade, cruzando ruas e avenidas movimentadas, e sem cancelas. De vez em quando o trem acertava algum veículo. Chegando em casa, Julinho contou ao meu pai que um trem havia acertado um bonde em uma das avenidas. O acidente foi impressionante, o trem arrastou o bonde. Eu estava perto, ouvindo tudo e perguntei: morreu muito gente? Não morreu ninguém, respondeu Julinho. Fiquei com cara de quem derruba sorvete no chão, de quem tem o pirulito roubado. Esperava que tivesse morrido muita gente. Afinal um trem atropelando um bonde! Coisa de criança, como disse Julinho.

MINEIRIM – No tempo em que ainda não havia Viagra, Mineirim entrou no consultório meio desengonçado e foi falando: - Dotô, o trem não sobe mais. Já tomei tudo que há de pranta e nada do bicho subi. – Não se preocupe. Vou receitar um remédio que é tiro e queda. Você vai ficar tinindo de novo. São 50 comprimidos, um por dia. – Mas Dotô, sô um homi simpres, da roça. Só sei conta até deis nos dedo e mais nada. – Então, você vai a uma papelaria e compra um caderno de 50 folhas. Arranque uma por dia e tome um comprimido. Quando o caderno acabar você vai estar em forma. A receita está aqui. – Brigado dotô. Mineirim saiu de lá e foi direto a uma papelaria. – Moça, quero um caderno de 50 foias. – Brochura? Pergunta a moça. – Mediquim fofoqueiro... Já telefono pra espaia meu pobrema

Autor

Flávio de Senzi Jr
É publicitário e colunista do Jornal O Regional. E-mail: flaviosenzi@uol.com.br