Café Minuto - 19.07.2024

MEXEU ERRADO – Um presidente mexeu num vespeiro quando quis juntar Educação e Cultura em um só ministério. Se ferrou, deu munição para artistas, quase todos petistas, protestarem para que a Cultura continuasse como ministério e por tabela protestarem também contra o próprio presidente. Artista dá Ibope, gerou pressão e o presidente deu marcha a ré mantendo o Ministério da Cultura. Não adiantou, mesmo assim continuaram ocupando espaços do Minc com o nhe nhe nhem do golpe. O ministro da cultura tentou dialogar com eles, mas radicais, não quiseram conversa e não reconheceram o presidente, ilegal para eles. Um fato curioso foi eles solicitarem doações de água, comida, cobertores... Ora, ora... Vão caçar sapo no brejo! Absurdo! Vamos doar a quem necessita. Que façam protestos as sua custas, não precisam de doações. Caras de pau é pouco.    

ABERRAÇÃO – O estupro de uma garota é uma daquelas aberrações que faz aflorar o lado animal de alguns homens. Uma barbárie assim mostra o quanto temos de evoluir para extirpar essa mancha negra. E para complicar existe a discriminação. O delegado que investigou o caso – felizmente afastado – afirmou que ainda não estava convencido de que houve estupro, mesmo com o vídeo postado em que mostrava a garota desacordada, nua, com homens tocando seu sexo, debochando e dizendo que foram mais de 30. Queria o quê? Que ela filmasse seu próprio estupro? A garota ainda foi acusada nas redes sociais de armação, para poder aparecer na mídia. Santo Deus! Não basta passar por tudo que passou? É provável que se fosse uma celebridade, o tratamento seria outro. Já teriam encanado os suspeitos e nas redes sociais teria milhares de mensagens de apoio e solidariedade.      

A CHARRETINHA – Joaquim veio ao Brasil visitar parentes que moram no interior. Ficou surpreso ao ver charretinhas puxadas por bodes, em Portugal não havia disso. Gostou tanto que ganhou uma de presente de Manoel, seu primo. Chegando na terrinha, a aldeia ficou deslumbrada ao ver a charretinha. Todos perguntavam como um animal pequeno conseguia puxar aquilo com duas pessoas dentro. Como todos queriam dar uma volta Joaquim, esperto, resolver cobrar. Na primeira volta foi o prefeito. A certa altura numa descida a charretinha começa a ganhar velocidade. Joaquim olha de um lado, olha do outro e não encontra o freio. A charretinha ganhando mais velocidade, o prefeito apavorado... E Joaquim vê o rabo do bode à sua frente. Ele não teve dúvida, puxa o rabo do animal pensando ser o freio e o bode dá um berro, béééé... E Joaquim: “Ô raios, aqui é a buzina. Não me ensinaram onde estão os travões”.

APÊ EM NEW YORK – Pense morar em um apê, em New York, na 5ª. Avenida, com vista para o Central Park. Bom, né?! E se esse apê for um duplex, tiver 1.000 metros quadrados com 20 cômodos? Bom demais! Esse apê, um dos maiores da cidade, esteve à venda. Tinha pé direito de 3 metros, o esquerdo 5 metros, mármore dourado no banheiro enorme da suíte principal onde poderia dormir umas 10 pessoas, couro do século 17 em perfeito estado nas poltronas da biblioteca, seis apartamentos, sete banheiros pra escolher onde tomar banho e onde sentar para as necessidades, sete salas de estar para escolher qual delas ficar, salão de jantar, de almoço, de café da tarde, adega, com centenas de garrafas de vinho, despensa tinha tantas que poderia ser despensadas, aposentos especiais para empregados... O apê estava num prédio construído em 1931 e conservava suas características originais. Ele pertencia a um banqueiro, John Gutfreut, dono do Salomon Brothers, o último dos brothers. Uma imobiliária especializada em imóveis de luxo anunciou uma pechincha, oportunidade única por 120 milhões de dólares. Interessados favor contatar-me. Se fechar a venda, ganho comissão. Por isso o anúncio, não ia fazer de graça (pessoal do jornal a gente racha a comissão, tá?).   

RESTAURANTE – Fico surpreso com a “criatividade” dos chefs de certos restaurantes em S. Paulo. Inventam misturebas estranhas para criar novos pratos O resultado? Bem, depende do paladar de cada um. O Karú, à Rua Joaquim Antunes, 48, Jd. Paulistano, por exemplo, é um deles. Salada de pepino com sorbet de pepino, musse de iogurte, uva verde e placas doces de hortelã. As ostras são carameladas com maçã verde sobre tutano de boi, regados por molho de agrião. Uma simples costelinha com barriga de porco vem ao molho de jabuticaba com canjiquinha e cogumelo shimeji. Polvo com molho tarê de caju acompanhado de risoto de brie e passas ao vinho. Eu gosto de provar novidades, mas em alguns casos, como esses, prefiro um capeletti de ricota com um bom porpetone. 

AS HISTÓRIAS – Do Decameron, de Boccaccio, já renderem bons filmes italianos. Pasolini fez Decameron, com um tom crítico e amargo; Boccaccio 70 reuniu vários diretores e cada um dirigiu um episódio. Agora chega Maravilhoso Boccaccio, dos veteranos irmãos Taviani, ambos com mais de 80 anos, e os últimos remanescentes dos grandes diretores italianos das décadas anteriores. Em 1348, em Florença, a peste negra mata mais do que acidentes de carro em S. Paulo. Para não correr o risco de contaminação, um grupo de jovens, vão para um casarão nos campos da Toscana. Para espantar o tédio cada um deles conta uma história onde há sexo, amor, traição e humor. Os irmãos Taviani escolheram cinco contos, entre vários, do Decameron para fazer esse belo filme. O mais engraçado deles é uma pegadinha aplicada a um cara chato, que pensa estar invisível. Outro, mais romântico é de uma esposa que é dada como morta depois de contrair a peste. Mas ela volta à vida pelo empenho de um homem apaixonado por ela. Esse filme está disponível em DVD, na TV, e em canais somente de filmes. 

LIVROS – O Brasil continua longe dos livros, mas estamos evoluindo, a passo de tartaruga com artrite, mas estamos. Em 2011, 50% da população eram leitores, em 2015, 56%. A quantidade de livros lidos por ano, no Brasil já foi de 4, hoje, são 4,96 em média. Livros digitais também foram pesquisados e entre os leitores, 34% já leram títulos digitais. Esses dados são da pesquisa Retratos da Literatura feita pelo Ibope, a pedido do Instituto Pró-Livro. Foram mais de 5.000 entrevistas, em todo o país, sobre hábitos e motivações de leitura. Para ser considerado leitor, basta ler ao menos um livro inteiro ou em partes nos últimos três meses. Ajuda nesses números leitores com 10 livros, ou mais, lidos por ano. Eu cumpro minha parte e leio uns 10 ao ano. E você? Ah! O livro mais lido no Brasil continua sendo a Bíblia.

Autor

Flávio de Senzi Jr
É publicitário e colunista do Jornal O Regional. E-mail: flaviosenzi@uol.com.br