CAFÉ MINUTO - 15.09.23

VINÍCIUS – Foi um grande poeta, compositor, cantor, “bebedor”... Fez a trilha do musical Orfeu da Conceição com Tom Jobim, os afros-sambas com Baden Powell, as canções com o parceiro Tom, as melhores da dupla. E com demais parceiros. Todas suas composições foram gravadas com seus melhores intérpretes. A parceria com Toquinho, que rendeu canções infantis. Seus versos declamados por ele próprio, sua filha Suzana e Paulo Autran. Trilhas para filmes, espetáculos musicais... Enfim, verdadeiro tesouro poético do poetinha. Partiu cedo demais, com 66 anos, em 1980. Mas seu legado é eterno.

VINÍCIUS ll – O melhor, no entanto foi pra mim, que tive o privilégio de conhece-lo. Nessa época eu estava na FAAP e trabalho de fim de ano era fazer uma entrevista com algum artista. A classe foi dividida em grupos. Cada um deles deveria procurar um artista. Eu sugeri, de cara, Vinícius. Ohhh! Foi a exclamação do grupo. Eu disse que seria a melhor entrevista de todos os grupos. Eu sabia que ele estava em S. Paulo e tinha conhecimento do bar que ele frequentava, o que facilitou o trabalho. Nós estudávamos a noite e o Vinícius também “trabalhava” a noite E lá fomos nós atrás dele. Logo na primeira noite encontramos ele no bar que frequentava em SP. Um copo na mesa que ele ia bebendo devagar. Antes, falamos com o gerente do bar, explicamos que éramos estudantes e nosso objetivo era entrevista-lo um trabalho. Ele pediu, um minuto e foi falar com Vinícius. Voltou logo dizendo que ele estava a nossa espera. Estávamos em 4, um deles, não pode vir – azar dele – Foi preciso “aumentar” a mesa para caber todos. Chegamos, nos apresentamos dizendo o motivo da entrevista. Avisamos ele que a entrevista iria ser gravada para ser exibida na FAAP para todos os alunos. Ele achou ótimo! Nos recebeu muito bem. Ofereceu bebida, dizendo que podíamos pedir o que quiséssemos, pediu um petisco para nós e disse que seria tudo por conta dele. Nesse clima, tudo correu ótimo. Não se negou a nenhuma pergunta, respondeu a todas, foi uma noite como nunca mais tive. Disse que em seu próximo show queria todos nós na plateia e que iria enviar os convites. Coube a mim fazer as perguntas. Muito gentil, atencioso, disse que admirava os estudantes, que seria o futuro do Brasil. No dia da exibição do vídeo a FAAP parou, todos quiseram ver a entrevista conduzida por mim. Virei apresentador na Facu.

RODOVIÁRIA – O cara, travado, é parado numa fiscalização de trânsito. O policial se aproxima e vendo o estado dele pergunta:- o senhor bebeu alguma coisa? – Com certeza, responde ele. Hoje foi o casamento de meu melhor amigo e antes de ir, enquanto me arrumava já fui entornando umas cervejas. Na festa, durante o coquetel, matei uma garrafa de Chivas, depois no jantar, foram três garrafas de vinho e até a hora de ir embora voltei para a cerveja e sequei mais umas dez latinhas. – Bem, serei obrigado a multa-lo, aprender seu carro e encaminha-lo a delegacia. O senhor sabe que isto é uma fiscalização de controle de alcoolemia. – Sei perfeitamente seu guarda. E o senhor sabe que este é um carro inglês, tem volante do outro lado e quem está dirigindo é a minha mulher?

BOCCACIO – Já ouviu falar em Boccaccio? Ele é o autor de Decameron, uma das obras primas da literatura de todos os tempos. Comemorando seus 700 anos de nascimento, chega às livrarias uma nova e boa tradução desse clássico. Decameron começa tétrico narrando a peste que matou um terço da população europeia em 1348, mas logo se concentra em 10 jovens saudáveis – 7 mulheres e 3 homens, que fugindo da peste se refugiam no campo e durante 10 dias, (Decameron, palavra de origem grega, significa 10 dias) para passar o tempo contam casos e anedotas eróticas e maliciosas. Precursor do humanismo renascentista, na verdade, ele conta as histórias de seu tempo sob a perspectiva material da sensualidade e dos prazeres. Pode crer, é melhor do que qualquer livro de “causos” por aí.

VOANDO – Num voo saindo de Porto Alegre, o piloto gaúcho fala aos passageiros – “Bueno indiada”, Aqui é o comandante. Este é o voo Latan 888 com destino a S. Paulo. Neste momento “temo vuando” a 8 mil “metro” de altitude, velocidade de 880 km/hora e “jastemu” sobrevoando... Ohhhpaaa!!! Barbaridade!!! “Dezulivre”!!! Meu Deus. Que burrada!!! Nãããooo!!! E os passageiros ouvem gritos pavorosos seguido por um barulhão. Logo depois o comandante volta a falar meio sem graça – Bah! Me desculpem “xiruzada”pelo esparramo aqui na cabine, mas escapou da mão a cuia de chimarrão que caiu em cima da minha calça. “Sacumé”, água quente... Me queimou bem ali. “Voceis” precisam ver como ficou a parte da frente de minha calça. Nisso grita um passageiro lá do fundo. – Seu gaúcho FDP. E você precisa saber como ficou a parte de trás da minha calça.

CINEMA - Vamos manter o espírito italiano, A Família é um filme justamente sobre uma família de mafiosos: pai, mãe e dois filhos. O pai – interpretado pelo ótimo Robert De Niro – é um mafioso que dedurou seus parceiros e agora vive no programa de proteção a testemunhas do FBI. Mas ele e sua mulher, a bela e talentosa Michelle Pfeiffer, não perdem seus jeitos de mafiosos e estão sempre arrumando confusões e por causa disso precisam sair às pressas das cidadezinhas que se escondem. Disponível na Netflix, Amazon, Disney, HBO, Globo Play... E outras mais.

O CIRCO – Uma das boas lembranças de minha infância foi o circo. Sempre que chegava um circo aqui, meu pai me levava. Lembro-me do Circo Búfalo Bill e Circo Mágico Gordon, isso em 1900 e fumaça. Mas teve um que fui algumas vezes, não só quando criança, mas depois de adulto também, com minhas filhas, que nos deixava encantado (acho que mais eu do que elas), o Circo Garcia. Fundado em 1928, em Campinas, seu fundador, o paulistano Antolin Garcia, morto em 1987, era no picadeiro, ator, mágico e domador. Em 2002, encerrou suas atividades depois de uma crise financeira, motivada pelas modernidades de hoje. Foi o circo mais duradouro do país, 74 anos divertindo e emocionando crianças e adultos, que hoje passam as horas em frente de uma tela de uma geringonça eletrônica qualquer.

SECRETÁRIA – A loira linda, de olhos verdes, daquela de virar pescoços masculinos, foi recomendada por um diretor da empresa. Em seu primeiro dia de trabalho, no setor de contabilidade, o chefe quase teve um troço ao ver aquela mulheraça. – Bom... Bom... Dia. A senhorita conhece fatura e duplicata? Claro! Fatura é quando quebramos uma perna e duplicata quando quebra as duas. O chefe engoliu a risada e pediu a ela uma tarefa bem simples. Quando ele saiu, ela liga para o almoxarifado – Vocês tem envelope redondo? O encarregado engasgou – Envelope redondo? Quem pediu? – Meu chefe. É para enviar uma circular.

4 OPÇÕES – Quatro escolhas para se viver. 1. Ficar o dia inteiro morcegando e vagabundeando. 600 reais mensais. 2. Ser trabalhador em emprego pesado – 1.300,00 mês. 3. Ser bandido – 1.780,00 mês. Dizer que trabalha na rua, mas não diz nome da empresa – 1.850 mensal.

Autor

Flávio de Senzi Jr
É publicitário e colunista do Jornal O Regional. E-mail: flaviosenzi@uol.com.br