Café Minuto - 11.08.23

A VOLTA – Houve uns meses que parei de escrever o Café. Não sei porque e até hoje não descobri. Talvez estive sem assunto, sem pique pra escrever e escrever o que? Quando voltei escrevi o que eu achei que pudesse ter acontecido. “A volta desta coluna causou repercussão entre aquela meia dúzia de quatro fieis leitores que me acompanham desde quando comecei a escrever, no longínquo ano de 2003. Os quatro escreveram para mim. Um deles escreveu – Pô Flavio! Vou gastar os olhos outra vez para ler suas baboseiras. Você não tem o que fazer? Outro recomendou que eu fosse catar coquinho na esquina. Mais outro, simpático, pegou mais leve, disse que recortava a coluna pra fazer sopa de letrinhas. Mais outro ainda mandou uma foto com uma cara indecifrável. Não sei se de alegria, dor, ou, raiva. Fiquei tão feliz?! Manifestações assim me motivam continuar a escrever o Café Minuto.”

ALIMENTOS – Esses dados não são atuais, mas serve como referencia para mostrar como somos bons na produção de comida. O aumento da população da Terra pressupõe mais comida para alimentar um maior número de bocas – embora muitas continuam apenas de boca aberta, sem comida – por consequência uma área maior para produzi-la. E aqui vai uma boa notícia, entre tantas ruins sobre o crescimento do número dessas bocas. A área utilizada para o plantio de alimentos no mundo diminuiu e a produção de alimentos aumentou. Milagre? Não Muita pesquisa e novas tecnologias tornou a agricultura mais eficiente. Em 1992 utilizava-se 709 milhões de hectares e a produção era de 1,9 bilhão de toneladas de grãos. No Brasil – agora chegou nossa vez – 20,6 milhões de hectares e produção de 44 milhões de toneladas. Em 2010, no mundo, 682,5 milhões de hectares, produção de 2,4 bilhões de toneladas. No Brasil, 18,7 milhões de hectares, produção de 76 milhões de toneladas. Enquanto no mundo a área cultivável diminuiu 3,8% e a produção aumentou 26%, em nosso Brasil brasileiro a área diminuiu 9,2% e a produção aumentou 74%. Nós somos ótimos na agricultura. Não por acaso é o setor que gera mais riqueza ao país.

DECLARAÇÃO – Jamais esquecerei aqueles momentos em que ficamos juntos. Nossos corpos estavam tão unidos que eu podia sentir as batidas do seu coração. Nossa respiração confundia-se com a do outro. Nossos movimentos, tão sincronizados... Iam e voltavam... Para frente e para trás. As vezes parávamos e então, quando cansávamos da mesma posição, nos esforçávamos para mudar, mesmo que fosse por pouco tempo. Nossos corpos fluíam suores, sem que nada pudéssemos fazer. Um calor enorme parecia que nos faria desmaiar. Mesmo assim, uma força maior incontrolável, fazia com que ficássemos ainda mais colados um ao outro. E assim estávamos quase delirando, não aguentando mais segurar, quando uma voz ecoou em nossos ouvidos, nos tirando daquele torpor. Estação Sé. Desembarque pelo lado esquerdo do trem.

NOVA VIDA NOVA – O Exótico Hotel Marigold é um simpático filme. Um de seus méritos é mostrar que mesmo na 3ª. idade, desde que esteja de pé e respirando, é possível recomeçar uma nova vida. Mas sem dramas, ao contrário, com toques de humor. Um grupo de aposentados que não se conhecem até então, cansados e desiludidos da vida que levam, resolvem se mudar para a Índia, atraídos por anúncios do hotel do título. O problema é que as coisas não são bem como esperavam. E mais não conto, para vocês poderem vê-lo. O filme é leve e deve agradar a todos, seja ou não da 1ª. 2ª. 3ª. ou 4ª. idade. O elenco traz um time de grandes atores ingleses. Dessa vez não vou recomendar pipoca (mas que vai bem, vai!).

ATRASO – Essa não é nova, mas serve para mostrar nosso atraso em relação a China. O país inaugurou uma ponte de 42 km, sobre o mar, unindo o continente a uma ilha, construída em quatro anos, ao custo de 2,42 bilhões de reais. Pois bem, em nosso Brasil brasileiro foi anunciada uma ponte sobre o Rio Guaíba, Porto Alegre, a um custo de 2,9 bilhões de reais e prazo de 4 anos para que ficar pronta. Claro, que ficou mais cara e houve atraso na obra, como sempre acontece. Porém, vamos comparar esse custo com a ponte dos chinas. Custo por quilometro. China, 57 milhões, Brasil 400 milhões. Tempo de construção. China 35 dias, Brasil 503 dias. Não vou comentar nada. Julgue você mesmo.

GOLFE DIVINO – Moisés, Jesus e um velhinho jogam golfe. Moisés dá a primeira tacada e a bola cai num lago. Ele vai até a beira, levanta o taco, as águas se abrem, ele entra, dá outra tacada e a bola vai direto para o buraco. A tacada de Jesus também faz com que a bola caia no mesmo lago, mas ela vai parar em cima de uma vitória-régia. Jesus caminha sobre as águas e vai até a planta. Com mais uma tacada manda a bola para o buraco da vez. Em seguida, o velhinho, apesar de trêmulo, manda a bola para fora do clube que cai num riacho perto de um sapo que a engole. Uma cobra, a espreita, engole o sapo, sem saber que será vitima de um gavião. Este agarra a cobra com tanta força, ao sobrevoar o campo de golfe, que ela regurgita o sapo cai, bate o peito no chão e expele a bola direto para o buraco. Moisés olha para Jesus e diz:- É muito chato jogar golfe com seu Pai!

FOTOS DE ALERTA – Sabe aquelas fotos horrendas nos maços de cigarro? Poderiam aproveitar a ideia colocando fotos melhores com mesmo significado – alertar as pessoas sobre riscos – em outros produtos também. Por exemplo: obesos em pacotes de salgadinhos; fotos tétricas de acidentes de trânsito, cortes em latas e garrafas de bebidas alcoólicas; fotos de políticos corruptos em guias de recolhimentos de impostos. Como são muitos impostos, ninguém ficaria de fora. E várias outras coisas. Não é uma boa?

GASTANÇA – Quando se viaja sempre temos disposição (e dinheiro) para gastar. Já na cidade em que moramos gastamos o necessário, sem grandes extravagancias. Porém S. Paulo foge a regra. Sempre há novidades, promoções, pechinchas, artigos de luxo, quinquilharias, que não há como não comprar, seja você morador da cidade ou não. São 240.000 lojas com tudo o que se imagina e o que não se imagina. Desse total, 10.000 lojas estão nos shoppings. Com tantas ofertas, difícil não se comprar nada. E os números demonstram isso: a cada segundo, 10 cartões de crédito e débito são utilizados, perfazendo um total de 864.000 transações ao dia. Esse é o templo do consumo onde a oração tem uma palavra só: comprar... comprar...

Autor

Flávio de Senzi Jr
É publicitário e colunista do Jornal O Regional. E-mail: flaviosenzi@uol.com.br