Café Minuto - 05.07.24

PIDÃO – Morei em Santos nos anos 60. Considero a melhor década até aqui. Frequentava a Praia do Boqueiro, cuja avenida começava no Centro e acabava na praia. Tinha uma turma que estava sempre junto. A noite tínhamos dois bares pra ir. O Miramar mais perto da praia e o Presidente, uns 20...30 metros distante. Entre a turma tinha o Pidão. Ele pedia tudo. A gente estava no Miramar e ele pedia cerveja, não para o garçom, mas um de nós. Ele pedia ao garçom um copo para beber conosco a nossa cerveja. E não porque não tinha dinheiro. Tinha sim! O pai dele tinha um armazém misto de mercearia que estava sempre cheio, vendia muito. Bem, num sábado eu comprei um maço de cigarros. Quando eu estava abrindo pra fumar um quem chega? O Pidão. Ele pediu um cigarro pra mim, claro! Dessa vez eu estava meio parece que não sei. Aí eu pensei vou dar uma nele. Bacalhau, era o apelido dele por causa do armazém do pai, olha acabei de comprar agora e só tenho 19. Sinto muito. Se tivesse um saco ele iria enfiar na cabeça. Não disse nada, virou as costas e caiu fora. Nunca mais pediu nada pra mim. E sumiu por uns tempos. Um dia apareceu. Disse que foi viajar com o pai. Continuou pedindo para os outros que continuavam reclamando dele. E eu dizia: façam como eu!!!

SANDUBA – Lanchonete nova na cidade, para ter um diferencial das outras oferece sanduiches de qualquer tipo, a escolha do freguês. Um engraçadinho passa em frente e resolve entrar para testar o serviço. Vamos ver se eles atendem qualquer pedido, pensa ele. Procura uma mesa, o lugar estava cheio, e pede um sanduiche de elefante. O dono, pego de surpresa, hesita, gagueja e diz que vai verificar na cozinha. Depois de algum tempo ele volta. “Verifiquei na cozinha e não há nenhum outro pedido igual ao seu. Sinto muito, mas não posso abrir um elefante só para o senhor”.

RUAS – Estudo realizado por organização que reúne institutos de pesquisa de diversos países fez um estudo em várias capitais para escolher as 10 ruas mais chiques do mundo, onde houvesse luxo e grifes internacionais. Considerou também a arquitetura das lojas, segurança, conforto, limpeza e atendimento. As três primeiras: Rua Serrano, Madrid; 5ª. Avenue, N. York; Champs Elysées, Paris. E a surpresa, em 8º, a nossa Oscar Freire, em S. Paulo, mesmo levando nota baixa no quesito segurança que não é o forte da cidade. E uma hiper surpresa, nossa Rua Brasil. Porque comprar com dólar? Vamos comprar com Real na Oscar e na Rua Brasil. O que tem lá fora tem aqui. Para quem não tá com essa bola toda, Rua José Paulino e as ruas do Pari e do Braz. Boas compras!

ED MOTTA – Há algum tempo Ed Motta soltou os cachorros sobre brasileiros que vão a shows no exterior. Em troca foi duramente criticado pelos cachorros soltos. No entanto, Ed Motta não encontrava trabalho aqui e buscou alternativas em outros países. Provavelmente suas críticas têm a ver com isso, como um desabafo por ser obrigado a tocar no exterior. Bom, feito as contas Ed Motta é um multIinstrumentista, compositor e produtor. Seu estilo é funk/soul e disco, com influência de jazz, bossa nova, reggae, rock. Sua música infelizmente não tem lugar no Brasil tomado por sertanejos e pior, por outras porcarias. “Perpetual Gateways” um de seus álbuns é a prova disso. Considerado seu melhor trabalho internacional, o álbum tem 10 faixas com jazz e soul com participação de bons músicos estrangeiros. Entre os destaques há um improviso vocal de Ed. É som para poucos aqui. Ele possui uma longa carreira internacional tendo tocado e gravado com inúmeros nomes famosos do cenário mundial. Portanto Ed continue no Brasil.

CINEMA – O Cine Belas Artes em S. Paulo, inaugurou há algum tempo uma sala especial. Era um antigo drive-in do passado, aqueles com motorista e uma gata ao lado estacionados de frente para uma telona e com comida e bebida à disposição. No lugar de poltronas convencionais havia bancos restaurados de carros dos anos 50, 60 e 70. A iluminação era feita com lanternas e faróis desses carros. Quem estivesse sozinho, poderia sentar-se em poltronas individuais ao fundo. O bar instalado na parte de trás tem estilo de trailer dos antigos, com 50 itens como drinks inspirados em filmes, o clássico milk-shake, sorvetes, lanches e petiscos, que poderia ser pedido no balcão antes e durante a sessão. Outra novidade: regra nos cinemas onde se exige o silêncio, nessa sala poderia falar e comentar o filme durante a sessão. Na programação, predominava clássicos pop cult, desde Metrópolis, de Fritz Lang, a Quentin Tarantino, passando por filmes carimbados como CaçaFantasmas e Gonnie. Cinema não é novidade, mas com uma boa ideia vira novidade. Eu fui ver um filme lá, logo que inaugurou. Não sei se existe ainda.

EM CASA – Esse é um filme pra ver em casa, recomendo. “Truman”, produção da Espanha e Argentina, com o grande ator argentino Ricardo Darín. Todo filme que ele protagoniza pode ser visto sem susto, é bom. Já vi alguns e gostei de todos. Nesse filme, Darín é um ator com câncer terminal. Nesse momento difícil ele recebe a visita inesperada de seu melhor amigo. Nada de chorar as pitangas, nada de relembrar o passado, nada de excessos de lágrimas. Nos quatro dias que ficaram juntos, eles fizeram coisas simples, corriqueiras, como um almoço, uma bebedeira, uma ida ao teatro. Assim como o protagonista a beira da morte, o roteiro é objetivo, com um leve toque de emoção, sem cair na pieguice. Detalhe: Truman é o nome do cachorro do protagonista. Mas atenção: não é filme para pipoca.

FEIJÃO – Dedé Barrão é colunista social de um jornal diário semanal, O Estado Encrencado. Em sua coluna ela conta o glamour que o feijão adquiriu. Uma candidata à famosa depois de casar com um megaempresário, conseguiu virar famosa. Na recepção para 500 colunáveis, o caviar foi dispensado e serviram feijão em taças de cristal. Em outra recepção de formatura da filha de uma socialite a garota ganhou um pacote de feijão de cinco quilos. O pai dela tratou logo de guardar no cofre. A joalheria H. Stern está oferecendo anéis de platina com um feijão incrustado. Segundo a joalheria a procura tem sido maior do que os tradicionais anéis de brilhante. O transporte de feijão está sendo feito em carros fortes com escolta armada. Nós agora comemos arroz com pedregulho.

Autor

Flávio de Senzi Jr
É publicitário e colunista do Jornal O Regional. E-mail: flaviosenzi@uol.com.br