Brasão de Armas de Catanduva (II)

Em matéria da semana passada, comentei sobre o primeiro Brasão de Armas que o município de Catanduva possuiu, criado no ano de 1973. Hoje, finalizo a temática trazendo a citação do segundo e do terceiro Brasão de Armas de Catanduva, um dos símbolos de nosso querido município.

Catanduva passou a ter um novo brasão na década de 1970, quando a cidade estava sendo governada pelo prefeito municipal Dr. João Righini.

A criação de um novo brasão só foi possível graças à Lei Nº 1.133, de 17 de junho de 1970, que “(...) dispõe sobre a forma e apresentação dos Símbolos do Município e dá outras providências”.

De acordo com essa lei, em seu artigo 1º, “São símbolos do município de Catanduva (...) o Brasão Municipal, a Bandeira Municipal e o Hino Municipal”.

O Brasão de Armas do Município de Catanduva, de autoria do heraldista Arcinoé Antonio Peixoto de Faria, é descrito nos seguintes termos heráldicos: “(...) escudo samnítico encimado pela coroa mural de oito torres, de argente. Em campo de jade posto em abismo, em escudete de goles, timbrado de um lobo de goles, nascente de um vitol de goles e argente, carregado de nove escudetes de argente, sendo estes carregados de uma cruz pátea de goles; em ponta uma faixa ondulada em bláu. Chefe de bláu carregado de uma estrela de oito pontas de argente resplandecente do mesmo. Como suportes, a dextra e sinistra de escudo, galhos de café frutificados ao natural, entrecruzados em ponta, sobre os quais se sobrepõem um listel de goles, contendo em letras argentinas o topônimo “Catanduva”.

Interpretação

Este segundo Brasão de Armas de Catanduva trazia, em sua simbologia, os seguintes significados: escudo samnítico, usado para representar o Brasão de Armas de Catanduva, foi o primeiro estilo de escudo produzido em Portugal por influência francesa, herdado pela heráldica brasileira como evocativo da raça colonizadora e principal formadora de nossa nacionalidade; a coroa mural que sobrepõe é o símbolo universal dos Brasões do Domínio que, sendo de argente (prata), de oito torres, das quais apenas cinco são visíveis em perspectiva no desenho, classifica a cidade representada na segunda Grandeza, ou seja, sede de Comarca; a cor jalde (ouro) do campo do escudo é símbolo heráldico de riqueza, nobreza, esplendor, grandeza e mando; em abismo (centro ou coração do escudo), o escudete reproduz as armarias da Família Moreira, em homenagem aos fundadores da cidade; a faixa de bláu (azul) em ponta de escudo, representa o Rio São Domingos, que corta as terras do município, desempenhando importante papel na fertilização do solo; em chefe (parte superior do escudo) de bláu (azul), a estrela de argente (prata) e resplandecente do mesmo metal, evoca o orago de São Domingos; a cor goles (vermelho) das armarias dos Moreira, simboliza a heráldica, a dedicação, o amor pátrio, audácia, interpidez, coragem e valentia; o metal argente (prata) que figura nos escudetes do Brasão dos Moreiras e na estrela que simboliza São Domingos, tem o significado de paz, amizade, trabalho, religiosidade e pureza; o esmalte bláu (azul) simboliza a justiça, nobreza, perseverança, zelo e lealdade; nos ornamentos exteriores, os galhos de café frutificados ao natural, lembram no brasão o principal produto oriundo da terra dadivosa e fértil, esteio da economia municipal; no listel de goles (vermelho) lembrando a dedicação e o amor-pátrio de seus filhos, inscreve-se em letras argentinas (prateadas) o topônimo identificador “Catanduva” em uma exortação aos sentimentos cívicos da população.

Ordem do Brasão

Na referida lei que criava o segundo Brasão de Armas de Catanduva, também foi citado que a critério do município poderia ser criado a Ordem Municipal do Brasão, “(...) para comenda àquele que, de qualquer modo ou injunções políticas, tenham merecido e justificado a honraria outorgada.”

A honraria consistia por medalhão, com formato do Brasão de Armas de Catanduva, esmaltada em cores ou fundida em metal, ouro ou prata – fixada em lapela com as cores municipais, acompanhada de Diploma da Ordem Comendador da Ordem Municipalista do Brasão.

De acordo com relatório do professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, em suas pesquisas “(...) não encontrei nenhuma informação de que os Poderes Municipais tenham instituído a Ordem Municipal do Brasão e de que alguém a tenha recebido”.

O brasão atual

Em um folheto espalhado pela cidade no início de 1987, o Dr. José Alfredo Luiz Jorge, então prefeito municipal de Catanduva, admitia que, passados 28 anos de sua criação, o Brasão Municipal já estava superado em vários aspectos. Por isso, contratou o serviço do professor Edison Franco, que assim se manifestou no mesmo folheto:

“Atendendo a honrosa incumbência do Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal, Dr. José Alfredo, bem como as sugestões de S. Excia, foi feita a seguinte modificação heráldica:

1 – Foi mantida, para fins de estética, a mesma proporção do antigo brasão, bem como sua forma samnítica, ou seja, o desenho do escudo (parte central do brasão) terminada em ponta, para preservar a parte histórica.

2 – Foi mantida também a coroa mural encimando o escudo, com cinco torres, de prata, pois esse circuito amuralhado é aceito, pacificamente, por todos os heraldistas de renome;

3 – Idem, no listel, o nome da cidade, pois é a forma adequada de identificação dos brasões;

4 – Foi o brasão acrescido e enriquecido na sua simbologia, sendo substituída a esterela argente (prata), na parte superior do escudo (em chefe) por uma roda dentada, em sable (preto) representando a indústria local;

5 – Havia, no antigo brasão, em abismo (no centro do escudo) em destaque, um escudete, que representava as armas da família Moreira. Injustificável, sob o aspecto histórico e heráldico. Uma mistura de heráldica de família com heráldica municipal, um fato insólito. Assim, foi colocado, no centro do escudo o Leão Rompante, incontestavelmente o mais lídimo símbolo representativo heráldico.

6 – Foi mantido o traçado do Rio São Domingos, tão somente colocado no seu leito de sinople (verde) representando os campos de Catanduva.

7 – No listel, o nome da cidade foi feito em letras de sable (preto) sob campo de prata, muito mais nobre que o anterior listel de goles (vermelho).

8 – Nos suportes, foram acrescidos nos ramos de café, ramos de laranja e cana, riquezas agrícolas hodiernas do município.”

Aprovação

Depois de todas essas modificações, um novo Projeto de Lei foi enviado à Câmara Municipal de Catanduva, que nessa ocasião era presidida pelo Sr. Walter Schettini, sendo aprovado, não por unanimidade, onde Catanduva passou a ter o seu 3º Brasão Municipal, através da Lei Nº 2.333, de 19 de Abril de 1987, que altera a Lei Nº 1.133, de 17 de junho de 1970, na parte que dispõe sobre o Brasão Municipal e dá outras providências.

Fonte de Pesquisa:

- Boletim Só 10, ano VI, Nº 71, de autoria do professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, publicado em agosto de 2015.

 

Fotos:

Em 1970, o brasão municipal sofreu novas alterações, sob responsabilidade do heraldista Arcinoé Antonio Peixoto de Faria

Brasão atual da cidade de Catanduva, foi instituído na década de 1980. Nessa foto, temos alguns detalhes, como os ramos de café, laranja e cana-de-açúcar; a roda dentada representando indústria; e o Leão Rompante, incontestavelmente o mais lídimo símbolo representativo heráldico

Catanduva passou a ter um novo brasão na década de 1970, quando a cidade estava sendo governada pelo prefeito municipal Dr. João Righini. Na noto, confraternização em 1969, estão na foto da esquerda para a direita: Dr. Armindo Mastrocola, Dr. João Righini, Francisco de Lima Machado, Dr. Gerson Sodré, Arthur Brussi, Francisco Assis de Senzi, Cláudio Rossini e João de Ângelo

O último Brasão de Armas de Catanduva foi produzido na gestão do prefeito municipal Dr. José Alfredo Luiz Jorge, então prefeito municipal de Catanduva, no ano de 1987. Nesta foto, cantora Elba Ramalho sendo entrevistada por José Alfredo Luiz Jorge e Luiz Carlos Teixeira. A foto foi tirada durante a 2ª FECIC

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.