Bolão

Não poderia faltar em tempos de Copa do Mundo, o tradicional bolão. Tem de todo tipo. Os que valem e os que não valem dinheiro. A maioria é feita entre grupos bem definidos: o do trabalho, o da família, o do racha, o da escola. Geralmente e não necessariamente, vale alguns trocos. Aposta pequena, prêmio pequeno. No entanto, tem os que são promovidos de forma eminentemente comercial, com propósitos promocionais, utilizados tanto pelos marqueteiros para divulgar a marca do seu cliente quanto os promovidos para que o organizador e o ganhador faturem um dinheiro mais substancioso.

Os que não valem nada trazem uma informalidade maior. Rendem zoeira e gozação. Alguns não se conformam com os líderes do certame. Aquela prima que não entende nada e crava uma derrota da Alemanha ou aquele tio que nunca se interessou por futebol e está com mais pontos, bem à frente dos “entendidos”.

No entanto, os bolões profissionais já embutem algo maior. Lembram as casas de apostas. Não podemos esquecer do princípio de que os jogos de azar são inerentes à raça humana. Jogos de azar. Nunca vi nome mais apropriado. E o brasileiro em especial, adora! Antes, eram os bilhetes da Loteria Federal. Depois veio a Loteria Esportiva. Em São Paulo e no Rio de Janeiro tem o turfe. Aposta em cavalos. Estas em especial são bem explicadas e de forma resumidas no tango clássico de Carlos Gardel, “Por una cabeza” (1935), mais conhecida como o tango do filme “Perfume de mulher” (1993). Estas modalidades reinaram por anos. Até que vieram as apostas em números. E o leque se ampliou: raspadinha, telesena, Poupatudo, etc. Por um breve período, os bingos eletrônicos.

Clandestinamente, tem o velho jogo do bicho. E os cassinos nem tão clandestinos assim. Nas cidades maiores, tem principalmente em bares da periferia, os caça-níqueis. Está em andamento, um projeto de lei tirando da clandestinidade várias modalidades de jogos de azar. Desconsideram os efeitos colaterais. Alegam que criam empregos e rendem impostos. Se observarmos com atenção as atividades que envolvem seres humanos e agregados, tudo cria empregos e rende imposto. Só que não trazem no seu bojo o impacto econômico e social dos efeitos colaterais (vícios por exemplo). Não se fala como o governo e os envolvidos vão lidar com isso.

Tenho visto anúncios de casas de apostas na televisão. Aposta-se em basquete, futebol, vôlei e modalidades esportivas que eu nem sabia que existiam. Aposta-se nos campeonatos brasileiros. Tudo fácil, na internet, em sites hospedados no exterior. A natureza sempre dá um jeito. Lembrando que Maradona foi suspenso do futebol italiano não por cheirar cocaína e sim por suspeita de manipulação de resultados.

Por via das dúvidas, fiz uma fezinha no bolão com amigos. Brasil dois, França um na final. Já ganhei!

Autor

Toufic Anbar Neto
Médico, cirurgião geral, diretor da Faceres. Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura. É articulista de O Regional.