Boas histórias de vida

Li um artigo do eminente Juiz Dr. Wagner Ramos de Quadros, na edição de O Regional de sábado, 4 de junho. 

Falou de sua história de vida, até comovente. Relata de sua família humilde de poucos recursos; de seu esforço em estudar; do reconhecimento de uma professora; e do apoio de freiras do Colégio São Vicente, que lhe deram uma bolsa de estudos. 

Chegou ao ponto culminante de ser um Juiz Federal, constituindo uma bela família. 

Salientou que conjugando esforço pessoal com oportunidades, todos podemos erguer o edifício da própria prosperidade. 

Criou, assim, em nossa cidade o “Apoio ao Estado”, para ajudar crianças e adolescentes em seus estudos, já como pleno êxito, inspirando-se, desta forma, nos apoios que teve. 

Não vou dizer de minha história e dos meus percalços, que se avolumaram no decorrer dos anos. 

Mas cheguei aos 88 anos (que se completam no próximo dia 7 de julho). 

Quando me perguntam como vou eu respondo “caindo”. Estou envelhecendo e envilecendo. Parece exagero, mas valem os sustos de cada dia, que nos deixa, mesmerizados. 

Então lembrei-me de meu colega da Turma de 1957, o mineiro José Afonso da Silva, e que, com grande sacrifício chegou a ser um dos meus conceituados constitucionalistas desde País. Dele eu tenho vários livros, e volta e meia cito seus trechos. 

O José Afonso era alfaiate, morava em local modesto. Costurava também suas roupas; fez sua beca de formatura. 

Estudioso que era, foi se destacando nos vários anos de nosso curso, e ganhando o respeito e a admiração de todos. 

Quando ele completou 80 anos, deu-nos o luxo de comemorarmos como êle festivamente ao lado de sua esposa Lenita. 

Como convidado que fui, lá estive. 

E com outros colegas formamos uma mesa redonda, relembrando os velhos tempos. E enaltecendo a boa história de vida do José Afonso. 

Ele está com 97 anos e neste sábado falei com ele por telefone. Como sempre uma conversa longa e gostosa. 

Recordei, inclusive, de seu filho José Virgilio, hoje professor na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. 

Aí ele brincou: está melhor que o pai. 

Disse-lhe que vou, por e-mail passar-lhe este artigo. E pedi sua nota. E ele, rindo, respondeu se falar bem de mim, a nota é mil. 

A história de vida do José Afonso assemelha-se à do Dr. Wagner, ambos conjugando esforços pessoal com oportunidades. 

 

Murillo Astêo Tricca 

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Artigos de colaboradores e leitores de O Regional.