Automedicação e os riscos à saúde

Quem nunca tomou ou viu algum conhecido tomar remédio por conta própria? Fazer uso de determinado medicamento que um parente, amigo ou vizinho indicou para tratar algum sintoma ou doença, apesar de parecer prático em primeiro momento, pode ser potencialmente perigoso à saúde. Para alertar a população sobre este problema e os riscos que essa prática pode levar foi criado o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, comemorado no dia 5 de maio. 

Sabemos que a automedicação é um hábito. Segundo dados do Conselho Federal de Medicina, 77% dos brasileiros fazem o uso de medicamentos sem qualquer orientação médica, e isso faz com que o Brasil seja o país que possui o maior índice de automedicação no mundo. Esse número é preocupante, pois apesar de as pessoas saberem que a prática é errada, pouca gente sabe dos riscos que estão sujeitos ao se automedicar. 

Dentre os riscos, a intoxicação é a mais perigosa. De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, cerca de 30 mil casos de internação são registrados por ano no Brasil em decorrência de intoxicação. 

Os analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios estão entre os que mais intoxicam e provavelmente também são os mais consumidos por conta própria, ou você vai negar que nunca viu alguém pedir um remédio para aliviar uma dorzinha na cabeça ou nas costas? Apesar de os analgésicos, responsáveis por diminuir dores em geral, aparentemente serem "inocentes", serem adquiridos facilmente nas farmácias e sem receita médica, se consumido de forma errada pode causar problemas renais e até Acidente Vascular Cerebral (AVC). 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que 18% das mortes por envenenamento no Brasil podem ser atribuídas à automedicação, e 23% dos casos de intoxicação infantil estão ligados à ingestão acidental de medicamentos armazenados em casa de forma incorreta. 

Para piorar, passamos por um período extremamente difícil. Com a pandemia, a automedicação pode comprometer ainda mais a saúde, tornando a pessoa ainda mais vulnerável aos riscos. A busca desenfreada por tratamentos pode causar o uso abusivo de medicamentos na tentativa de prevenir ou intervir de alguma forma na doença e além de perigoso pode não ter o efeito esperado. 

O uso de medicamentos que não são efetivos é um grande fator de risco para a piora da saúde do paciente. É preciso que as pessoas busquem profissionais de saúde, especialmente farmacêuticos e médicos, quanto à eficácia e à segurança de medicamentos a serem usados, pois o uso não orientado e sem a indicação correta, é extremamente perigoso. Nesse ponto, o papel dos profissionais da saúde é de suma importância na mediação e na orientação para o uso adequado de medicamentos, sobretudo no contexto atual. 

Medicamento é coisa séria e deve ser utilizado nas doses, horários e pelo tempo indicado pelo médico. Não interrompa nem prolongue o uso de remédios sem a orientação de um profissional. O acompanhamento médico é fundamental para o correto tratamento de qualquer problema de saúde. 

 

Dr. Altino José de Souza 

Presidente do Sindessmat

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Artigos de colaboradores e leitores de O Regional.