“Tudo o que estabelece importantes

elementos comuns entre os homens,

desperta sentimentos de

comunidade e identificações.

Neles se baseiam, em grande parte, a estrutura da sociedade humana.”

Freud

Gaza e Israel estão próximos ao mar e pertos entre si, e desde o dia 7 de outubro assistimos a triste e terrível situação que ambos enfrentam, onde as dificuldades apontam um cenário de destrutividade recorrente para ambos.

Sem entrar nos aspectos das motivações e razões, o mais difícil para quem assiste este massacre é sentir a dor das perdas que anunciam sequelas já sentidas por todos, assim como um sentimento de impotência para solidarizar de forma concreta as vivências de destruição que estamos assistindo.

Em 1915 quando a Primeira Guerra estava em seu auge, Freud escreveu um ensaio chamado “Considerações atuais sobre a Guerra e a Morte” falando da decepção, tristeza e crueldade que a guerra traz consigo, e o quanto os direitos das pessoas são violados enquanto humanos, quando a possibilidade de diálogo entre as partes é ameaçada. Sua preocupação se detinha na questão da pulsão de destruição do ser humano que crescia ferozmente, cujo contraponto só poderia ser restabelecido por Eros, pulsão de amor construtivo.

Não há muito o que falar quando estamos assistindo uma guerra, sendo necessário que o ser humano tenha coragem para acreditar na força do amor como instrumento de diálogo possível capaz para restabelecer sua parte humanizada, dando a ele coragem necessária para atravessar e enxergar um outro ponto, o outro lado, concretizando as razões do próprio olhar sobre si enquanto pleiteia a vida.

Do contrário, embora cada guerra tenha sua especificidade, o que elas têm em comum é a quantidade de mortes, perdas, danos, miséria, despedaçamentos que trazem em sua bagagem patrimonial. Atravessemos!

Música “Attraversiamo”, The Hollywood Studio Symphony.