Asylo da Velhice Desamparada
Dentre todas as classes sociais pensadas e atendidas por Padre Albino, os idosos não podiam ficar de fora.
Muitos deles, doentes, sozinhos e abandonados por suas famílias, sem condição nenhuma de terem uma vida digna no final de sua existência, que mesmo, muitas vezes, sendo toda dedicada a seus filhos e netos, acabavam sendo abandonados no final da vida, sem nenhuma gota de atenção e carinho por parte de seus familiares.
Pensando nisso, uma das inquietações de Padre Albino era exatamente criar um local onde acolhesse essas pessoas, ou seja, a construção e manutenção de um asilo em Catanduva.
Uma das primeiras questões que se apresentaram diante dessa iniciativa seria em qual lugar seria instalada essa instituição.
O local
Por coincidência ou não, na mesma época em que se buscava um lugar para a instalação do asilo, a Loja Maçônica Lauro Sodré, que se localizava na rua Maranhão Nº 1.137, entre as ruas Belém e Aracaju, estava sendo desativada e seus membros resolveram fazer a doação do terreno e prédio para a Associação Beneficente, através da escritura de doação, registrada no Livro de Notas Nº 37, folhas 169/170 verso, do 1º Cartório de Notas de Catanduva, em 16 de abril de 1929.
Feita a referida doação, o prédio imediatamente passou por uma série de adaptações necessárias e foi inaugurado em 15 de setembro de 1929, para atender a todos aqueles que necessitassem de seus serviços e assistências.
O asilo funcionava onde hoje se encontra o Padre Albino Saúde. O prédio principal se localizava onde hoje se tem o estacionamento do plano, que foi derrubado, e a sede do PAS ocupa o antigo anexo, que foi construído tempos depois no asilo.
A responsabilidade de direção e orientação dos trabalhos ficou à cargo das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição, desde 1930, que exerceram um grande trabalho durante décadas. As quatro primeiras Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição foram: Irmã Reginalda, Anna, Blanca e a superiora Stefânia.
Em 1982, a Irmã Anália Nunes passou ser a principal responsável pela direção do asilo.
Durante todo o seu funcionamento, o asilo contou com a doação e o carinho de muitos catanduvenses, que sempre colaboraram para o bom funcionamento da instituição. Como prova disso, por exemplo, foi através da colaboração popular que foi construído um anexo no asilo, aumentando suas instalações, para melhor poder atender os velhinhos.
Estes, além de receberem alimentação, cuidados de higiene, vestuários, medicamentos e cuidados médicos, enfermagem e hospitalar, recebiam também assistência religiosa, tão necessária para manter viva a chama acesa de sua vitalidade.
Sempre que possível, e principalmente em datas comemorativas, eram realizadas no asilo algumas comemorações, como no mês de junho, a festa junina, e a comemoração do Natal, Ano Novo, Dia das Mães e dos Pais, contando, mais uma vez, com o apoio da população e da diretoria da Fundação Padre Albino.
Os idosos adoravam esses eventos, com muitos doces, refrigerantes, salgadinhos, entre outros, além do contato com o maior número de pessoas que vinham participar dessas atividades e o som que envolvia todos.
Além dessas comemorações em datas festivas, inúmeras eram as atividades realizadas dentro do asilo para fazer com que os idosos se sentissem úteis, como a recreação feita através do rádio, televisão, jogos de salão, passeios internos, pequenos trabalhos artesanais e visitas constantes de pessoas aos domingos e feriados. Uma das coisas que os idosos também adoravam eram os passeios de trenzinho promovidos de vez em quando. Voltavam a ser crianças e aproveitavam entusiasmados o trajeto realizado, com muita música e alegria.
Fim do Asilo
O asilo funcionou até o ano de 2001, onde houve a transferência de todos os internos para o Recanto Monsenhor Albino, inaugurado em dezembro de 1996.
De acordo com a opinião dos diretores da Fundação Padre Albino, a ideia foi muito benéfica, “(...) pois o Recanto, além de ter uma grande área verde, própria para a caminhada, é dotado de equipamentos essenciais para eles, como piscina aquecida, sala de recreação com TV, Centro de Terapia Ocupacional e uma Capela, para orações e meditações”.
O dia da transferência se deu em 05 de fevereiro de 2001 e o asilo contava com 47 idosos, que foram muito bem alojados nas instalações do Recanto Monsenhor Albino.
Ata da instalação e ata inaugural do 'Asylo da Velhice Desamparada', realizada em 15 de setembro de 1929.
“Aos quinze dias do mês de setembro de mil novecentos e vinte e nove, no edifício do Asylo da Velhice Desamparada, na sala de entrada do referido prédio, presentes o Sr. Coriolano de Oliveira Mello, vice presidente da Associação Beneficente de Catanduva, commigo primeiro secretário, e os membros Padre Albino Alves da Cunha e Silva, Francisco Guzzo, pelo senhor vice presidente que assumiu a presidência foi declarada aberta a sessão. Pelo senhor presidente foram expostos os fins da presente sessão, e que destacava, a instalação e inauguração do Asylo da Velhice Desamparada, deu palavra ao Exm.º Sr. Dr. Antonio Pereira de Manhães, que em breves palavras expoz o fim desta reunião, declarando inaugurado o asylo, o louvando muito os esforços do Ver. Padre Albino Alves da Cunha e Silva, tanto na construção e fundação do asylo que vem retirar das ruas desta cidade grande quantidade de pedintes, como na idéa magnífica de afastar do convívio publico os leprosos, fixando local para que os mesmo recebam suas esmolas. Nada mais havendo a trata, ficou encerrada a sessão e eu, Rosalvo Corrêa, secretário primeiro, lavrei a presente acta que vai devidamente assignada, pelos membros da directoria e demais presentes”.
Fontes:
- A importância do Catolicismo na vida catanduvense, de autoria dos professores Brasil Procópio de Oliveira e Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli.
- Boletim Só 10, Nº 70, de outubro de 2011.
- Jornal O Regional, de 03 de agosto de 1986.
Foto do Recanto Monsenhor Albino tirada no ano de 2008. O recanto se localiza no KM 4, da Rodovia Dr. Alberto Lahóz de Carvalho, na estrada Catanduva/Novais e ocupa uma área de 10 alqueires
Foto do Asilo dos Velhos que funcionava na rua Maranhão Nº 1.137, inaugurado em 15 de setembro de 1929. O prédio foi uma doação da Loja Maçônica Lauro Sodré, que ocupava o local
Padre Albino, sempre buscando atender os necessitados, teve a ideia de montar um asilo em Catanduva, que contou com a ajuda das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição para o seu funcionamento. Nesta foto, tirada em 1946, em frente ao Hospital Padre Albino (Santa Casa), temos: 2º plano – Irmãs Benigna, Fortunata, Ildefonsa, Laura, Mônica e Blanca; 1º plano – Irmãs Celina e Izabel, D. Lafayette, Padre Albino, Irmã Stefânia e Afonsina
Nesta foto, tirada em 1930 na frente da Santa Casa, aparecem as primeiras Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição, que foram convidadas pelo Padre Albino e vieram de Araraquara para trabalhar no hospital: Irmã Stefânia (2ª superiora), Irmã Reginalda, Irmã Anna, Irmã Blanca, e ainda, Bispo D. Lafayette Libânio (recém chegado de São José do Rio Preto) e Padre Albino
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