As voltas que o mundo dá
Wilson Quintella, braço direito de Sebastião Camargo – fundador da empreiteira Camargo Corrêa –, faleceu na semana passada, aos 95 anos. Todos os jornais noticiaram o seu falecimento, mas o jornalista Elio Gaspari, foi mais além em sua coluna na Folha de São Paulo, pag. AB do último domingo (dia 12).
A história relatada por ele – abaixo reproduzida – faz jus ao título e vem se somar a tantas outras que provam que o mundo é pequeno. Vamos a ela: “No início dos anos 60, Quintella ia em seu automóvel, retornando de uma obra ferroviária em Bauru. Na estrada de terra, passou por uma senhora que caminhava com duas crianças. Ofereceu-lhes carona. Na Conversa, a menina contou-lhe que o pai, carpinteiro, estava desempregado e tentava um lugar na obra Camargo Corrêa.
O empresário disse-lhe que fosse ao canteiro e se apresentasse, em nome de Wilson Quintella. A senhora com as crianças desembarcaram e o empresário nunca mais soube do carpinteiro japonês que precisa de trabalho. Passaram-se uns 20 anos. Wilson Quintella havia sido chamado pelo ministro da Fazenda, Ernane Galvêas, para acompanhá-lo num voo de Nova York a Tóquio, durante o qual conversariam.
Tudo bem, mas Quintella estava na Venezuela. Tomou um avião para Nova York e foi para o balcão da Japan Airlines, no aeroporto Kennedy, buscando um lugar no voo de Galvêas. O avião estava lotado e havia lista de espera. Na fila, Quintella deu um cartão de visitas à atendente da Japan Airlines, para que ela copiasse o nome.
Até então, falavam inglês e a atendente passou a falar português e disse-lhe: – O senhor vai embarcar, nem que eu tenha que tirar o piloto. Era a menina da carona na estrada de Bauru.” Como disse um dia Machado de Assis: "Os fatos e os tempos ligam-se por fios invisíveis."
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