As várias datas de São Domingos

 

Na próxima quinta-feira, dia 08 de agosto, se comemora o dia do padroeiro de Catanduva, São Domingos de Gusmão.

A fixação desta data está regulamentada pela Lei Nº 1.936, de 06 de junho de 1983, que “(...) dispõe sobre o horário de funcionamento do comércio, indústria e dá outras providências”.

Em seu parágrafo inicial, esta lei nos traz a seguinte inscrição: “São feriados municipais: Sexta-Feira da Paixão; 14 de Abril (dia do município); 08 de agosto (dia de São Domingos – Padroeiro da Cidade); e Corpus Christi”.

Porém, nem sempre a comemoração se deu nesse dia, sofrendo várias alterações ao longo do tempo.

A primeira vez que foi feriado em Catanduva por consequência da comemoração do padroeiro foi no ano de 1948, através de uma lei estadual, determinando que no dia 04 de agosto “(...) não será permitido o trabalho das indústrias e no comércio (...)”.

Leis Municipais

Em âmbito municipal, a pioneira lei a respeito da data foi a Lei Nº 103, de 19 de agosto de 1949, na época do prefeito Antônio Stocco, onde, na determinação dos feriados locais, estipulava a data de São Domingos de Gusmão, a ser comemorada todo o dia 04 de agosto.

Houve uma pequena alteração desta lei em 1954, na gestão do prefeito Ítalo Záccaro, no qual se aumentou no calendário mais dois feriados: a data 08 de dezembro, em comemoração ao Dia da Imaculada Conceição e o dia 16 de agosto, Dia da Assunção de Nossa Senhora.

No que diz respeito ao padroeiro da cidade, em 30 de junho de 1970, época do prefeito João Righini, tivemos outra alteração: através da Lei Nº 1.138, o feriado passou a ser comemorado no dia 07 de agosto. Por consequência dessa lei, foram suprimidos os feriados anteriores, ficando considerados apenas os dias da Sexta-Feira Santa, do Corpus Cristhi, o 07 de agosto (São Domingos – Padroeiro da Cidade) e de Finados (02 de novembro).

Novas mudanças

Um ano mais tarde, 1971, a comemoração do Dia de São Domingos voltou a ser realizada no dia 04 de agosto, por consequência da Lei Nº 1.216, de 28 de julho de 1971, modificando o primeiro artigo da lei anterior e deixando como estavam todas as outras datas anteriores.

A próxima modificação da lei se deu em 11 de junho de 1975, no mandato do prefeito Pedro Nechar, com a lei Nº 1.470, que agora estabelecia os seguintes feriados religiosos do município de Catanduva: “14 de Abril – Dia do Município; 04 de agosto – Padroeiro da cidade, o Dia de São Domingos; 02 de Novembro – Dia de Finados”.

Interessante perceber um detalhe nessa lei: o dia da cidade, 14 de Abril, ficou sendo considerado como feriado religioso.

Foi a partir de 1975, através da Lei Nº 1.474, que a data passou a ser comemorada no dia 08 de agosto, no qual se comemora atualmente.

Em 1977 tivemos modificações nessa lei, bem como em 1983, mas a data referente ao padroeiro da cidade, São Domingos de Gusmão, foi mantida no dia 08 de agosto.

Por que São Domingos?

No que se refere ao padroeiro local, o que ainda deixa muita gente intrigada e curiosa é o fato de que maneira São Domingos de Gusmão foi escolhido para ser o padroeiro da cidade de Catanduva.

Vários são os pesquisadores e historiadores locais que se envolveram com o tema e tentaram descobrir o real motivo da escolha, como os professores Brasil Procópio de Oliveira (in memorian) e Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli.

Até o momento, não se sabe com exatidão o real motivo da escolha, já que os primeiros moradores de nosso antigo povoado não tinham o costume de registrar tudo o que acontecia na localidade, se preocupando apenas com o trabalho e com o modo de vida.

Todavia, de acordo com o professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, em conversas tempos atrás, relatou que “(...) essa questão de quem deu o nome de São Domingos de Gusmão para ser padroeiro da cidade de Catanduva nunca pôde ser provada, porque não temos documentos que comprovem o verdadeiro autor. O que temos a esse respeito é uma suposição, uma dedução, ou seja, acreditamos por junção dos fatos e das ideias da época que como as primeiras famílias que aqui chegaram eram descendentes de mineiros, lugar considerado de grande religiosidade católica e que antes de chegar em Minas Gerais, tanto a família Figueiredo (descendente de portugueses) como a família Rodrigues (descendentes de espanhóis) provavelmente tinham uma grande devoção para o Catolicismo, lembrando que Portugal e Espanha já foram considerados os países mais católicos do mundo. Como o São Domingos de Gusmão é proveniente da Espanha, e lá se tem grande devoção por ele, é provável que essas duas famílias que para cá viessem também fosses devotos de tal Santo, e mesmo sendo de países diferentes, eles estão muito próximos, ligados, dentro da península Ibérica. Dessa forma, acredito que tenha sido os primeiros moradores que deram o nome do Santo.  Porém tudo é uma dedução”.

Desse modo, não se tem certeza de quem especialmente deu o nome de São Domingos, mas acredita-se que tenha sido os primeiros moradores, já que em tempos bem remotos o termo já era usado em nosso arraial. Para se ter uma ideia, em 1892, quando montou-se a primeira comissão local em nossa cidade para a construção da capela e do cemitério local e em 1899 quando houve a doação de alguns lotes de terras para o “patrimônio de São Domingos”, o termo “São Domingos” já era usado, dando ideia que alguém já tinha dado o nome do padroeiro.

Vale ainda perceber essa questão da religiosidade mineira em torno de São Domingos: Minguta, um dos primeiros moradores do antigo povoado e tido por alguns como o fundador de nossa cidade, tinha o nome de Domingos Borges da Costa, sendo grande praticante do catolicismo e muito devoto ao padroeiro. Podemos supor também: será que sua família não deu esse nome para ele por consequência da adoração ao santo? Mais uma hipótese.

Fonte de Pesquisa:

 - Acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino

Fotos:

Nesta foto é possível ver a estátua de São Domingos na defronte a Igreja Matriz de São Domingos. A ideia da elaboração de uma estátua para o nosso padroeiro surgiu no ano de 1962

 

Estátua de São Domingos, de autoria da artista Liuba Wolf, localizada na entrada do Teatro Municipal de Catanduva. Pelas características de suas esculturas, onde não se dava destaque à parte fisionômica, fez com que o São Domingos não caísse no gosto popular dos catanduvenses

São Domingos de Gusmão, padroeiro de Catanduva, foi canonizado pelo Papa Gregório IX, em 23 de julho de 1234, como um Santo da Igreja Católica

 

 

A primeira lei municipal a respeito da comemoração de São Domingos foi a Lei Nº 103, de 19 de agosto de 1949, na época do prefeito Antônio Stocco (na foto, ao lado direito do governador Adhemar de Barros, que está com um chapéu na mão), onde, na determinação dos feriados locais, estipulava a data de São Domingos de Gusmão, a ser comemorada todo o dia 04 de agosto

 

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.