As pessoas progridem

Existe uma história estadunidense a respeito de um fazendeiro que vencia todos os anos, na feira agrícola, a competição da maior e mais bonita espiga de milho. E a cada ano que passava, o seu produto ficava cada vez melhor. Perguntado sobre o segredo de produzir um cereal de tão elevada qualidade, respondeu ao repórter que o pólen do milho maduro se dissemina pelo vento, de campo em campo. Se as espigas dos vizinhos fossem de baixa qualidade, atingiriam sua colheita, ano após ano. Portanto, se o milho do vizinho fosse inferior, o produto dele também seria ruim. Então ele ajudava aos vizinhos distribuindo a eles boas sementes. Ele não enxergava seus vizinhos como inimigos. Ele sabia que para se sair bem, os vizinhos também tinham que se dar bem. Ele tinha segurança, fé e confiança no seu trabalho.

Este é um conceito que ficou muito mais intenso e verdadeiro nos tempos atuais, em que a humanidade atravessa o maior desafio dos últimos 100 anos. Poucos se dão conta que os problemas de um segmento são muito parecidos. Não importa se o seu vizinho é de muro, do quarteirão, da cidade ou do mundo. As soluções também são parecidas. Se você perder tempo tentando apagar a luz do vizinho, não vai iluminar melhor o seu campo.

Anthony Quinn foi um ator mexicano naturalizado estadunidense, que ganhou dois prêmios do Oscar. Estrelou mais de 150 filmes. Foi um dos mais versáteis da história do cinema. Interpretou todos os tipos de papeis. De pirata a Papa. Eu assisti a inúmeros filmes dele. Citarei alguns: “Zorba, o grego”, “Viva Zapata”, “As sandálias do pescador”, “Sede de viver”, “Lawrence da Arábia”, “Os canhões de Navarone”. O que pouca gente sabe, é que ele detém um recorde curioso. É o vencedor do Oscar que mais fez filmes ao lado de outros ganhadores do Oscar de atuação. Foram 28 atores e 18 atrizes que venceram trabalhando junto com ele. Fora os incontáveis prêmios técnicos que os filmes ganharam.

Do alto de sua fama e relevância, podia muito bem esnobar seus colegas, espezinhar os técnicos do set de filmagem, exigir mimos absurdos para o seu camarim, exigir bajulação toda hora, ficar melindrado com críticas ou se irritar com qualquer contrariedade. Mas fazia exatamente o contrário. Conversava com todo mundo, ouvia as pessoas, dava conselhos, ajudava o diretor. Simplificava o trabalho. As coisas fluíam no set de filmagem. O resultado é que ajudando aos outros, ele os fez grandes e se tornou um gigante. A luz que ele emanou libertou o brilho de todo mundo.

Quando você escolhe dar o melhor de si para as pessoas, você está fazendo uma escolha libertadora. Você também fará com que as pessoas que estão juntas de você apertem o passo e tentem te acompanhar. Criará um ciclo virtuoso em que todos melhoram. Este é um dos caminhos do progresso. 

Autor

Toufic Anbar Neto
Médico, cirurgião geral, diretor da Faceres. Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura. É articulista de O Regional.