As crianças e os eletrônicos

Para nos desenvolvermos emocionalmente e termos capacidade de intersubjetividade precisamos nos relacionar com o outro. Não nascemos com competências intersubjetivas e simbólicas, e para crescermos intelectualmente e do ponto de vista psicomotor, as trocas emocionais são fundamentais.

Quando as crianças estão ligadas nas telas e não ao ser humano, elas perdem o interesse em brincar, e a imaginação e concentração ficam comprometidas.

Os jogos eletrônicos foram fabricados para viciar e feitos para gerar prazer nos neurônios, levando as crianças a não ter interação com o resto do mundo.

O uso de telas faz com que a criança perca a capacidade motora, a noção de tempo e espaço e a narratividade. Além disto, perdem o interesse em brincar e ficam com dificuldade de socialização.

As telas dificultam a imaginação, o brincar e a descoberta do mundo. Crianças que ficam isoladas e fechadas por conta da interação com os celulares têm uma perda enorme especialmente no que diz respeito a imaginação e capacidade de simbolizar.

A vida não é tão rápida como os movimentos da tela, e quando as crianças são super estimuladas, a frustração que experimentam quando não conseguem as coisas no tempo dos jogos eletrônicos acabam por desestimular o investimento nos brinquedos e livros, assim como em todo o processo de construção. Quando expostas as telas, perdem a retenção de memória e a capacidade de aprender.

No brincar, enquanto se partilha a brincadeira e espera a sua vez, a criança se frustra, lida com perdas e ganhos, interage, desenvolve a coordenação motora fina e a capacidade de mediar frustrações. Os livros auxiliam no desenvolvimento do raciocínio tão necessário para a aprendizagem, incrementam a imaginação, e fazem com que elas descubram novas maneiras de pensar sobre as mesmas coisas.

Ao contrário, quando estão hipnotizadas pelas telas, elas aditam a experiência, não vivenciam a subjetividade do brincar, não aprendem, e não se desenvolvem.

O aumento de patologias nas crianças e adolescentes como: ansiedade, depressão, suicídio, isolamento, estados autísticos e transtorno de dependência de telas estão acabando com a infância saudável, e deixarão sequelas irreparáveis.

Portanto, é urgente que larguem seus celulares, tenham a coragem de dizer não a seus filhos explicando o porquê, e vivam com eles momentos de qualidade em meio aos livros e a natureza.

Música “A Tonga da Mironga do Kabuletê” Toquinho e Vinícius.

Foto do acervo @auguri_humanamente

Autor

Claudia Zogheib
Psicóloga clínica, psicanalista, especialista pela USP, atende presencialmente e online. Redes sociais e sites: @claudiazogheib, @augurihumanamente, @cinemaeartenodivã, www.claudiazogheib.com.br e www.augurihumanamente.com.br