As Celebrações de Fim de Ano

Com a proximidade do fim do ano e o corre-corre dos preparativos frequentemente escutamos frases como: não gosto das festas de fim de ano, durmo cedo, as lojas ficam muito cheias, tudo me irrita. Ao mesmo tempo existe quem fale: amo as festas, não vejo a hora que chegue, adoro os enfeites, as comidas, as cerimônias.

Embora muitos tenham dificuldade com o período sabemos o quanto as celebrações marcam a passagem do tempo e colecionam momentos significativos que dão sentido à própria existência, um momento para reunir pessoas, tempo de qualidade e ocasião afetiva para estarmos com quem compartilhamos respeito e proximidade.

Ansiedade, estresse, depressão, compulsão somam-se aos estados mentais acumulados durante o ano e reacendem questões subjetivas trazendo à tona sentimentos ambivalentes que sinalizam o quanto necessitamos nos preparar para o acúmulo de introjeções impressas nas transmissões familiares assim como em nosso nível de contentamento ou descontentamento diante do balanço emocional que fazemos com nós mesmos quando nos acessamos em qualquer período. O nosso estado mental amplifica sentimentos, e aquilo que parecia ser apenas uma celebração acaba carregado de situações que não deveriam ser desconsiderados quando decidimos como e onde vamos festejar.

Celebrar deveria ser antes de tudo um desejo que nasce a partir de uma reconexão interna e sobretudo empenho para estar com o próximo quando for possível dar o nosso melhor diante do significado que faz unir pessoas.

Ao mesmo tempo sabemos que nem sempre é isto que acontece, mas como antídoto contra o mal universal as celebrações deveriam ser uma oportunidade para olhar o próximo, vendo-o como semelhante diante do desejo que ele tenha uma celebração que parte também da nossa contribuição enquanto desejamos paz.

Algumas vezes encontramos pessoas de pouco convívio que aproveitam a ocasião para destilar comentários nocivos que partem de suas projeções internas, muitas vezes alimentadas por curiosidade e desrespeito num individualismo que pleiteia razão desconsiderando que do outro lado tem alguém sem interesse em opinião e que percebe o mal disfarçado de “ajuda” ou “ameaça” colocando em risco relações que dificultam os encontros.

Vivenciar as celebrações é antes de tudo estar disposto a contribuir com todas as nuances dos festejados, e quando não estamos ou não queremos correr o risco de estar perto de quem não compartilha dos mesmos sentimentos, a boa dica é fazer uma ceia íntima, colocar uma boa música, celebrar e depois descansar em paz e sem culpa.

Seja onde estivermos nas festas do final de ano, que sejam momentos para acionarmos dentro de nós o que verdadeiramente faz sentido quando pensamos em celebração, festa, nascimento, luz, amor e paz.

Confraternização é uma palavra que tem origem no latim medieval “confraternitas” e revela uma manifestação amigável de confraternidade, convívio e socialização entre pessoas, e seja como, com quem e com quantas pessoas passarmos, meu desejo é que seja bom para todos sendo respeitado as diferenças.

Boas Celebrações!

Música, “Sleigh Ride” com Ella Fitzgerald.

Autor

Claudia Zogheib
Psicóloga clínica, psicanalista, especialista pela USP, atende presencialmente e online. Redes sociais e sites: @claudiazogheib, @augurihumanamente, @cinemaeartenodivã, www.claudiazogheib.com.br e www.augurihumanamente.com.br