Artigo 500

Em 22 de maio de 2010, graças à generosidade da direção do jornal e da editora chefe, à época, Vânia Afonso, que nos deixou antes da hora combinada, em 12 de setembro de 2016, foi publicado o primeiro artigo deste colunista. Com o título de “O engodo e a cilada da publicidade na lista”, o artigo abordava o tema do golpe que era aplicado nas empresas sobre falsa publicidade numa lista telefônica que só existia virtualmente. O artigo, sucedido de outros abordando o mesmo tema, ajudou muita gente, até de outros estados, a não cair na cilada como também, se o caso, comunicar a polícia e denunciar no Ministério Público e não pagar a extorsão. Anteriormente a esse primeiro artigo, outros haviam sido publicados, mas infelizmente a pasta com todos os recortes foi confiada a um jornalista para a edição de um livro que, apesar de pago o adiantamento, nunca foi editado, como tampouco a pasta devolvida. Então, oficialmente, esse é considerado o marco inicial. Não obstante, fato é que a revista “A Feiticeira”, através do seu proprietário e editor, Augusto Gimenes, foi o primeiro veículo de imprensa a abrir as portas publicando os primeiros escritos deste colunista isso em dezembro de 1977. Outros artigos também foram publicados nos jornais “Opinião”, “Notícia da Manhã” e até mesmo no caderno regional da “Folha de São Paulo”, que era editado em São José do Rio Preto e teve curta duração. Tanto a revista como os jornais citados deixaram de circular há muitos anos, deles ficando apenas lembranças das publicações que foram digitalizadas e estão arquivadas em pasta própria para, quem sabe um dia, serem consultadas. Atualmente a coluna é publicada, desde o mês de outubro de 2014, na revista “Middia Magazine” e no jornal “O Progresso” de Santa Adélia desde 12 de maio de 2013 (o primeiro foi “Cortesia faz a diferença, sempre!”). No “O Regional”, partindo do primeiro artigo, sem contar os artigos anteriores extraviados, são mais de 14 anos de parceria onde a liberdade de abordar os mais variados temas sempre foi ampla, plena, irrestrita e absoluta. Hoje a coluna alcança o número 500, um marco para quem é apenas um contador de histórias e às vezes comentarista do cotidiano. Se encadernados todos os artigos, com certeza resultariam num livro de mais de mil páginas, que exigiriam mais de duas mil horas para serem produzidos, considerando um tempo médio de quatro horas dispendido entre a pesquisa e elaboração de cada artigo. A jornada, mais do que longa, tem sido muito enriquecedora e de grande aprendizado. Num mundo de hoje onde infelizmente a comunicação, principalmente entre os jovens e para os jovens, não vai além de curtas mensagens, muitas cifradas ou abreviadas, que caracterizam as redes sociais, a leitura de jornais, revistas e livros, além de ser considerada démodé, tem se tornado cada vez mais restrita e limitada. No prédio onde este colunista reside, há 15 anos, eram quatro assinaturas da “Folha”, uma única do “Estadão”, três ou quatro do “O Regional”, quatro assinaturas da “Veja” e duas ou três de outras revistas (Istoé e Época). Hoje, somente o colunista recebe diariamente a “Folha”, “O Regional” e no final de semana também o “Estadão”. Acrescente-se a isso que uma faixa considerável de adultos que, malgrado, se dizem “atualizados” com a simples leitura das manchetes e duas ou três linhas em forma de notas rápidas do noticiário que pode ser buscado na internet consultando o site dos grandes jornais do país. No passado existiam aqueles que só praticavam a leitura de revistas distribuídas gratuitamente nas farmácias, daí a origem da expressão “leitor com cultura de almanaque”. Atualmente a leitura limitada a apenas as manchetes talvez tivesse que ser rotulada como leitura de subtítulos ou manchetes. Realidade dos leitores atuais à parte, fato é que a leitura principalmente em jornais, tal como a letra do samba do imortal Nelson Sargento – agoniza mas não morre. Atingir o número 500, nem de longe estava nos planos do colunista, mas em dado momento acabou se tornando uma meta a ser alcançada para, ao depois tirar o pé, como dizem aqueles que atingem uma determinada idade e começam a se afastar dos compromissos. Assim, a coluna que vinha sendo publicada, domingo sim, domingo não, que, aliás foi uma opção do próprio colunista, deixa de ter esse compromisso, para, se a direção do jornal permitir, ser publicada esporadicamente sempre que houver possibilidade ou sempre que algum tema interessante impulsionar a sua abordagem. Sem ser uma despedida, este colunista não poderia deixar de agradecer a direção do “O Regional”, seus editores e ex-editores e, aos não muitos leitores que ainda teimam e persistem em ler jornal e a coluna, porque eles certamente, de longe não são démodés e, tampouco, pertencem ao time dos leitores de almanaques ou de manchetes e subtítulos. A todos o pleito de gratidão do colunista. (Este artigo é dedicado à Vânia Afonso, in memoriam, que abriu as portas do jornal ao colunista e ao Guilherme Gandini, que as manteve igualmente abertas).
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