Armadilha, novo filme do diretor de O Sexto Sentido privilegia o suspense

É praticamente inevitável que a cada novo filme, o diretor M. Night Shyamalan, indiano com carreira de sucesso em Hollywood, seja apresentado como o diretor do terror O Sexto Sentido (1999). Armadilha, seu novo filme, em exibição esta semana no CineX, em Catanduva, não foge a essa, com o perdão do trocadilho, armadilha.

Apesar de ter desde então emplacado uma longa lista de filmes que navegavam entre o suspense, o terror e a fantasia pura, abordando até o tema dos super-heróis, o diretor acumulou também adoradores e, em igual proporção, haters. Mas ninguém discute que Shyamalan tem um estilo todo pessoal, embora muitos ainda esperam que ele faça um Sexto Sentido 2, e continue assombrado pelos fantasmas de seu primeiro sucesso.

Essa expectativa já começou em Corpo Fechado e prosseguiu em filmes tão diferentes quanto irregulares como Sinais, A Vila, A Dama da Água, Fim dos Tempos, O Último Mestre do Ar e Vidro, entre outros.

Este ano ainda, a filha do diretor, Ishana Shyamalan herdou a legado do pai com um suspense, Os Observadores, já exibido no CineX. E seu novo filme tem um protagonista com sua filha (uma na trama e outra na vida real), como centros de Armadilha.

M. Night Shyamalan marca seu retorno ao suspense e terror, trazendo consigo uma narrativa cheia de reviravoltas. O elenco estelar inclui Josh Hartnett no papel de Cooper, Ariel Donoghue como sua filha adolescente Riley, e Saleka Shyamalan, outra das três filhas do diretor, interpretando a cantora Lady Raven, cujo show atrai para o cenário de um estádio todos os personagens.

A trama do filme segue Cooper e Riley, que se encontram no show de música pop, apenas para descobrir que estão no centro de um evento sinistro e misterioso. O que começa como uma noite de diversão, do pai cuidando de sua filha adolescente,  rapidamente se transforma em uma luta desesperada pela sobrevivência. Pai e filha tentam escapar das garras de um assassino em série. Mas, como sempre acontece nos filmes de Shyamalan, para o bem e para o mal, as coisas nunca são o que aparentam. A tensão é amplificada por uma trilha sonora que intensifica o suspense, criando tensão no espectador, enquanto Cooper descobre que tem de enfrentar a si mesmo.

A ação começa e se passa boa parte dela num estádio, um microcosmo que já apareceu em outros filmes do diretor, e poderia perfeitamente estar ambientado no seu universo de seres estranhos e bizarros, como em Fragmentado (2016) com uma carga de realismo. Ou seja, Shyamalan poderia ser definido como uma Marvel realista – na medida em que as fantasias de algumas de suas histórias o permitam.

Aos poucos, vai se revelando a figura de Cooper, um homem comum e pacato, com uma vida normal, mas que se revela bem mais sinistro em sua outra identidade, diante dos espectadores e também dos personagens do filme.     

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.