Argentina. Ódio? Amor!

Somos mais fãs dos argentinos do que pensamos. Existe uma admiração recíproca muito maior do que o suposto sentimento de ódio. Não é de hoje a admiração brasileira pelo futebol argentino.

Pesquisa feita por um canal de internet indica que este sentimento é comum tanto entre os mais velhos quanto as novas gerações. 30% dos que não ligam para o hexa, torcem para a Argentina, seguida por Portugal, preferência de 24% dos brasileiros. Dos que torcem contra alguma seleção, a Alemanha lidera com 21%. Argentina, França e Portugal estão empatadas com 1%. Dos que torcem pelo hexa, mas também torcem por outro time, como se fosse um segundo time, 21% torcem também para Portugal, 10% para a Espanha e empatados com 9%, para Argentina, França e Alemanha.

Na Argentina existe a expressão “brasentinos”. É quando se juntam jogadores dos dois países, formando parcerias formidáveis. Exemplo disso foram Maradona, Careca e Alemão no Napoli, e atualmente, desde os tempos de Barcelona, Messi e Neymar.

Sobre craques de lá, os mais velhos do que eu, falam muito do Di Stefano, segundo eles, craque comparável à Pelé e Garrincha. Os da minha geração tem uma lista interminável de ídolos: Passarela, Kempes, Fillol, Ardiles, Batistuta, Caniggia, Redondo, Sorin, Simeone, Crespo, Riquelme e tantos outros. Os estimados leitores me farão o favor de lembrar dos lapsos. E tem, é claro, Maradona. Era criativo, arteiro, desconcertante. Um gênio. Fez o gol mais bonito de todas as Copas quando simplesmente levou sete jogadores da Inglaterra na corrida e marcou um golaço. O apelido do time era “Um dez e mais dez”. E tal qual Garrinha em 1962 e posteriormente Romário em 1994, pode-se dizer que ele ganhou a Copa sozinho. A vida dele poderia ser cantado em tango e prosa pois viveu entre a glória e o fundo do poço.

Para os mais novos, basta Messi. Como diz o Dr. Siqueira, parece jogador de videogame de tão perfeito que é. Conquistou quase tudo o que disputou. Menos uma Copa. Ele não consegue reproduzir na seleção a excelência com que joga nos clubes (Barcelona e PSG). Mas já é comparado a Maradona. Certamente jogaria na minha seleção de todos os tempos. Dos técnicos, destacaria Filpo Nunez (Palmeiras da Academia), José Poy (São Paulo) e o inconfundível César Luís Menotti, que teve coragem de não levar Maradona para a Copa de 1978, vencida pela Argentina.

Talvez muito desta narrativa de rivalidade e ódio se deva a locutores histéricos que sem ter o que dizer, repetem exaustivamente o bordão “ganhar da Argentina é bom demais”. Forçam a barra. Criam um clima de animosidade desnecessário. Infelizmente não enfrentaremos a Argentina. Escrevi este texto antes do jogo de ontem. Por isso, avante hermanos. Brasil e Argentina gostam de jogar bonito. Para quem ama o futebol, basta!

Autor

Toufic Anbar Neto
Médico, cirurgião geral, diretor da Faceres. Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura. É articulista de O Regional.