Antônio Celidônio Ruette
Vô, vim na esperança de expressar quaisquer que fossem minhas homenagens ao senhor. Mas, na primeira tentativa de articular algumas palavras, vejo que elas faltam para descrever o que a sua passagem por esta terra representou. Não sei o que ou a quem escrevo. O que sei é que o senhor, mais uma vez, me trouxe ao papel.
De uma cidadezinha no interior de São Paulo, um homem viu que podia mais. Tendo conquistado o que desejava, conquistou mais, e mais.
Intelecto que não cabia no jaleco de um professor provinciano. Ambição que não cabia na cadeira de vereador. Amor que não cabia no papel de marido.
Foi tudo isso que eclodiu na monumental figura de Antonio Celidônio Ruette. Um empresário que empregou milhares. Um professor que ensinou centenas. Um pai de cinco filhos, pessoas que reúnem as mais improváveis das características - resultado da união da mais caridosa mulher que conheci, e do mais extraordinário homem que conheci. Um avô de sete netos, que tiveram sua influência em cada passo dado. O bisavô de oito bisnetos, que muito aprenderão com suas memórias.
Por maior que fosse sua ambição e o fervor pela conquista, nada nunca superou o valor dado à família. Talvez seja algo que aos poucos minha avó tenha colocado na sua cabeça dura de espanhol…
Assim, o senhor e a vó construíram uma família que de tudo reúne. Não só inteligência, como também amor. Não só ambição, como também caridade. Não só ceticismo (com toque de cinismo), como também inocência. Não só lealdade, como também boa dose de rebeldia. Cada um equilibra essas qualidades à sua maneira, fazendo de suas atitudes um eterno reflexo. Uma eterna herança moral, desse casamento perfeito à sua maneira.
Quanto aos netos, tenho certeza que cada um de nós está onde está por sua causa, seja qual for o motivo. Suas conquistas deram segurança financeira para que nos aventurássemos nas nossas. Seus conselhos, segurança moral para que nós desbravássemos os nossos próprios caminhos. Suas lições de moral, por assim dizer, muitas vezes nos colocaram de volta aos trilhos. De um modo ou de outro, somos quem somos porque o senhor foi quem foi.
Eu não sabia o que queria fazer da vida, mas sabia de uma coisa. Queria ter a biblioteca que o senhor tem, o respeito que o senhor conquistou e a família que o senhor cultivou.
Nós, seus filhos, netos e bisnetos, com alguma esperança, seremos uma fração do que o senhor foi. Ajudaremos uma fração das pessoas que ajudou. Faremos o bem a uma fração das pessoas a quem fez. Estamos eternamente compromissados a isso. Eu, em especial, eternamente vinculado ao senhor pelo seu nome, bradando com orgulho o nome de Antonio Ruette.
Seu pai, também Antônio, dizia que o maior dom do homem é a prudência. Como já lhe disse, concordo. Agora, esse conselho será mais valioso que nunca, ao passo que nós damos nossos próximos passos, ponderando tudo que nos ensinou, na tentativa de eternizá-lo num legado a sua altura.
Muito obrigado pela incumbência de ser seu neto.
Antônio Eduardo Gregorin Ruette
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