Amor se faz com a alma

Aprofundar-se numa alma é muito mais difícil do que penetrar um corpo. É por isto que estão todos aí babando carência na mesma proporção em que comem e se mastigam uns aos outros. Todos canibais e vampiros, ainda que incapazes de digerir carne e sangue. Todos se regurgitam, entre vômitos e cuspes que vêm e vão conforme o paladar da libido baixa -- conforme eles se rebaixam.

Fertilizar um óvulo é tão fácil quanto estourar um balão, e os chimpanzés adestrados de qualquer circo sabem fazer tão bem um quanto outro. Você pretende, então, ser um bicho paritário a um macaco, um hominídeo destes desenhados nas cronologias da Evolução? Só um macho com um “porrete”?

Semear um coração e torná-lo livremente cativo da chuva, do arado e da foice é coisa apenas dada a homens tementes a Deus fazê-lo. Uns preferem estufas e boates, tubos de ensaio e camisinha, manipulação genética e anticoncepcionais. Mas ainda resta gente com alma, que prefere a opção pelo caminho antigo das estações e da fé, do sexo com amor e totalmente nu, da abertura à vida terrena e à Eternidade.

A menina definha porque lhe cortaram a beleza para o vaso antes que terminasse de desabrochar; depois a substituem por uma cópia de “plástico”. O rapaz mirra porque lhe amputaram a fortaleza para o pragmatismo antes que terminasse de amadurecer; depois o substituem por uma réplica de “halteres”.

Esta conversa de confessor e penitente não é sobre moralismo, sobre céu e inferno ou sobre qualquer teologia barata baseada em punição ou em mecanismos de repressão mental. Nem religião, nem psicologia. Nada além da realidade toda crua e toda nua alertando para o ponto do cozimento da sua existência e para a temperatura da sua vida.

Estou lhe dizendo estas coisas porque elas delimitam ainda mais os seus limites enquanto indivíduo. E certamente chegará o dia, fatídico e terrível, em que você já não poderá refazer o caminho de volta...

Autor

Dayher Giménez
Advogado e Professor