Amor de Copa

Tudo começou naquela longínqua Copa do Mundo de 2014. Os jogos aconteceram em várias cidades do Brasil. Foi um sufoco comprar ingressos. Nem lembro em quais partidas consegui entrar. Só sei que tinha Brasil em um dos lados do campo…

 

Tudo estava pra lá de complicado: aeroportos lotados, protestos nas ruas e engarrafamentos, além da previsível confusão característica de qualquer grande confronto do futebol mundial. Mas era uma chance única e valeria por toda uma vida.

 

O que eu não imaginava é que, mais do que ver tantos craques em campo, eu também notaria uma bela torcedora em meio aos marmanjos da arquibancada. Ela chamou minha atenção – e eu a dela, descobri mais tarde. Nossos corações se cruzaram.

 

Lembro que foi preciso esperar longos 45 minutos para, no intervalo, vê-la sozinha próximo aos bares. Não perdi a chance e puxei um papo qualquer, uma conversa boba sobre o andamento do jogo, e conquistei meus primeiros 45 minutos ao seu lado.

 

Nunca acreditei em amor à primeira vista, mas nossa união tornou real essa definição que alguém criou para causar dúvidas sobre como surge ou emerge esse polêmico sentimento humano.

 

Ao lado do amor que apareceu naturalmente, ao acaso ou por força do destino – ainda não conseguimos explicar esse fato –, nossa relação foi recheada por respeito, cumplicidade, amizade, paciência, entre outros sentimentos e atitudes.

 

Como dizem por aí: fomos “feitos um para o outro”. E algo nos colocou tão próximos, em meio àquele público imenso de um jogo de Copa do Mundo, para que nos víssemos e quiséssemos um ao lado do outro, “até que a morte nos separe”.

 

Tornamo-nos os melhores amigos, mas sem perder nossa individualidade. Dividimos as tarefas da vida – ou passamos a fazê-las juntos, em alguns casos. Respeitamos sentimentos, vontades e desejos, superamos diferenças e aprendemos um com o outro.

 

Construímos sonhos, alicerçados pela vontade de partilhar um futuro num mesmo lar e em família. Por várias Copas do Mundo, voltamos juntos aos estádios de futebol, de mãos dadas, para compartilhar bons momentos – e relembrar onde tudo começou.

 

Nessa trajetória não faltou diálogo, bom humor e renovação, para dar a pitada que qualquer relacionamento precisa. Alimentamos nosso amor, dia a dia, com tudo de melhor que pudemos oferecer um ao outro, enriquecendo-nos mutuamente.

 

Nosso amor ultrapassou barreiras, as linhas do campo e o tempo de jogo. Vivemos intensamente um “amor de Copa do Mundo” por uma vida inteira. Sabe aquele casal de idosos que você tem a “certeza” de que eles viveram e vivem uma linda história de amor? Pois bem, somos nós. Prazer em conhecê-lo.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.