Amigas para Sempre

A série que está disponível na Netflix “Amigas para Sempre”, conta a história de vida de Tully e Kate, retratando todas as dificuldades que ambas enfrentaram desde o início da adolescência até a idade adulta: família, amores, carreira.

A trama foi baseada no livro de Kristin Hannah, dividido em duas partes para dar conta de três linhas temporais diferentes e complexas que se entrelaçam o tempo todo mostrando o realismo da vida em várias situações e época. Inicialmente a segunda temporada teria apenas 10 episódios, mas a plataforma e Maggie Friedman criadora da série resolveram aumentar para 16.

Amigas inseparáveis desde a adolescência, elas sempre se apoiaram nos bons e maus momentos, e mesmo isto não tendo livrado ambas das dores da vida e de algumas traições, a forma que elas lidaram com a superação das dificuldades para manter a amizade contribuiu para que ao longo do tempo o elo entre elas se fortificasse.

O interessante desta série é observar o quanto as famílias ao mesmo tempo que representaram uma sustentação, foram também um meio de destruição e, diante disto, como elas se comportaram frente a tanta incongruência e ambivalência.

Enquanto vamos assistindo a cada episódio, entendemos o quanto as vivências entre elas e individualmente sofreram influência de uma época, década de 70, onde as famílias sucumbiam suas tradições tendo em contrapartida o movimento hippie que havia surgido na década de 60 onde o uso de drogas, o amor livre, o respeito à natureza, ao pacifismo e a uma vida mais simples e sem preocupações consumistas deixavam sequelas cujas mudanças assustavam, as pessoas não estavam preparadas para tantas reviravoltas, muitas vezes sem recursos internos para encontrar um modelo compatível diante de tanta turbulência: todos estavam sendo confrontados.

Trata-se de uma história intimista onde elas priorizaram a expressão de seus sentimentos mais íntimos, trazendo à tona um realismo que contagia por sua veracidade e espontaneidade, mostrando as dificuldades da maneira como aconteceu, sem maquiagem.

E é neste contexto que estas amigas tentam se entender e se virar, emergindo das situações que foram se apresentando para elas, enfim, muito material para pensar e refletir que vale muito a pena.

Este texto foi escrito ao som do hino delas: “Dancing Queen”, ABBA.

Autor

Claudia Zogheib
Psicóloga clínica, psicanalista, especialista pela USP, atende presencialmente e online. Redes sociais e sites: @claudiazogheib, @augurihumanamente, @cinemaeartenodivã, www.claudiazogheib.com.br e www.augurihumanamente.com.br