Almoço com as estrelas

Tem uma coisa que desconcerta quase todo mundo: encontrar um famoso. Certa feita almocei com a apresentadora Fátima Bernardes. Eu sei que na improvável hipótese de tentarem checar o fato, ela primeiro negará que me conhece e depois afirmará que nunca esteve e muito menos almoçou comigo. Sobre a primeira afirmativa ela até teria razão. As últimas estariam erradas. Eu almocei sim só que ela não sabe. Eu estava no restaurante a quilo num shopping do Rio de Janeiro. Lotado. Só tinha a cadeira da minha mesinha disponível no restaurante todo. Ela apareceu do nada e perguntou se podia sentar. Assustado, assenti imediatamente. Eu que falo bastante, fiquei mudo! Por breves momentos, fiquei absorto na seguinte questão: puxo conversa e peço uma selfie ou deixo ela almoçar em paz? O impasse não durou muito tempo. Em poucos segundos os outros comensais descobriram-na e logo estava apinhado de gente em volta dela pedindo autógrafos. Perdi minha chance...

Isso me leva à seguinte reflexão: é natural do ser humano desejar sentir-se importante. Não deixa de ser uma busca do ideal da aristocracia, do poder. Os famosos são diferentes num mundo que se pretende igual. Eles adquirem um magnetismo por supostamente possuírem um dom. As pessoas estando perto de um famoso sentem-se também fortes e poderosas.

A televisão e a internet ajudaram a popularizar bastante personalidades da música, da TV, da política e dos esportes. E também as chamadas subcelebridades: participantes de reality shows, modelos, pessoas com dotes físicos avantajados (mulher samambaia, mulher fruta, etc.), namoradas (os) e ex-namoradas (os) e mais um monte de gente que rodeia esse povo. A maioria deles já teve ou está tendo os seus 15 minutos de fama. Por falta de conteúdo, a maioria voltará ao nada de onde vieram.

Por incrível que pareça, 1% das pessoas exibem comportamento obsessivo pela vida das celebridades, 10% interessam-se pelo seu dia-dia a ponto de apresentar sinais de neurose e 14% fazem algum esforço especial para se manter informados sobre seus ídolos. Isto banca a indústria da fama que envolve revistas de fofocas, programas de TV, segmentos expressivos do jornalismo, capas de caderno, perfumes, cosméticos, etc. É muito comum eventos, apostarem no culto às celebridades e divulgarem a presença de famosos para atrair pessoas.

Tem uma coisa que é cômica, a tentativa de esnobar o famoso. Quando uma pessoa diz: “não estou nem aí” ela tenta se colocar como alguém que é mais importante do que o mito. No fundo a maioria deles está morrendo de vontade de bater uma foto com a figura.

Eu tiro foto com todo mundo. Perdi a timidez. Da próxima vez que eu me sentar à frente de um famoso, não tenham dúvidas, pedirei de cara uma selfie. Bem inconveniente mesmo! Antes que os outros cheguem...

Autor

Toufic Anbar Neto
Médico, cirurgião geral, diretor da Faceres. Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura. É articulista de O Regional.