Algozes das redes

Talvez estejamos tão desacreditados da justiça que estamos rompendo com os preceitos legais de acusação, investigação, julgamento e sentenças, dessa forma, assumindo o papel de justiceiros perante uma sociedade fragilizada e fragmentada. 

Tornamo-nos cada vez mais juízes, júri, acusadores, sentenciadores e algozes da opinião pública, muito antes do trâmite legal. Entretanto, esta postura não nos faz melhores, mais éticos ou santos, nem tampouco nos permite agir de forma pretenciosa e criminosa. Esta atitude nos faz tão culpados quanto aqueles que apontamos os dedos, uma vez que acusar sem provas, culpar sem argumentos críveis e legais lhe faz criminoso ante a justiça. 

Embora estejamos cansados do processo burocrático e demorado da justiça, não podemos nos esquecer de que, através deste júri popular formado pelas redes sociais, muito outros crimes aconteceram, até mortes por Fake News, basta dar uma pesquisada. 

Outro ponto é que, por mais horrendo que seja a acusação ou ato, ninguém tem o direito de atentar contra vida de alguém. Acontece que temos em nosso íntimo uma maldade que só é reprimida porque existem leis que coíbem a agressão gratuita ou qualquer outro ato de violência, seja física, psíquica ou moral, muito embora ainda aconteça com certeza frequência por aqueles que acham que a internet é terra sem lei ou que utilizam do argumento de que é liberdade de expressão. 

Mas será que se fizermos uma análise minuciosa de nossa consciência, não teremos algo de errado ou atitudes que nos envergonharam em algum momento de nossas vidas? Talvez falte isso para os seres humanos, capacidade de olhar para si próprio antes de olhar ao próximo, mas um olhar atento e que este escrutínio varra as mais íntimas lembranças. Certamente ninguém gostaria de olhar para a nossa mais horripilante face se realmente conhece nosso âmago.  

E não preciso lembrar da fala de Jesus, quem nunca pecou que atire a primeira pedra... mas talvez, os imaculados e sem pecados venham atingir Cristo com pedras e opróbrios. É, talvez estejamos com sede de uma nova era em que haja mais amor, compreensão e menos ódio destilado.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva