Além dos belos discursos

A ex-presidente Dilma Roussef lançou em 2012 o chamado Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, com investimento inicial de R$ 2,7 bilhões e envolvimento de educadores, universidades e secretarias de educação em todo o país. O compromisso: alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade. Com todo esse volume financeiro, é certo que todos os alunos matriculados na rede pública, dentro da faixa etária adequada, estão devidamente alfabetizados, correto? Claro que não. Essa não é a realidade brasileira e, tampouco, a paulista. A alfabetização é um marco crucial no desenvolvimento de uma criança, influenciando diretamente seu sucesso acadêmico e, consequentemente, sua vida futura. Estimular a alfabetização plena envolve a exposição precoce à linguagem, o apoio familiar e a qualidade do ensino. E é importante que se esse marco seja atingido na idade certa. Crianças que dominam a leitura e a escrita até os sete anos têm mais chances de se sair bem nos estudos. Afinal, isso é fundamental para a compreensão de outras disciplinas, para o pensamento crítico, a comunicação eficaz e a autoconfiança. Nesse sentido, é fundamental a implementação de políticas educacionais eficazes, que possam ir além dos belos feitos discursos na cerimônia de lançamento. A pesquisa Alfabetiza Brasil, realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), revelou diminuição na porcentagem da alfabetização infantil durante a pandemia. Enquanto em 2019, seis crianças em cada dez eram consideradas alfabetizadas, em 2021 esse número diminuiu para quatro. O Alfabetiza Juntos JP, lançado esta semana pelo Governo do Estado, é mais uma política pública com esse mesmo propósito da alfabetização na idade correta, mais uma tentativa de garantir que as crianças tenham esse direito respeitado. Se as intenções vão sair do papel e possibilitar indicadores mais satisfatórios, só o tempo dirá.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.