Águas de Março

“São as águas de março fechando o verão / É a promessa de vida no teu coração.”

TOM JOBIM

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, mais conhecido pelo seu nome artístico, Tom Jobim, foi um compositor, pianista, violonista, arranjador e cantor brasileiro. (1927-1994)

Primeiro e único visconde com grandeza e marquês de Maricá, Mariano José Pereira da Fonseca foi um escritor, filósofo e político brasileiro (18 de maio de 1773 – 16 de setembro de 1848). Ele foi muito assertivo quando afirmou que “sempre haverá mais ignorantes que sabedores enquanto a ignorância for gratuita e a ciência dispendiosa”. A abrangência de sua afirmação nos permitiria muitas reflexões que o espaço da coluna não suporta, porém há sempre uma lição a iluminar a mente de quem está aberto às informações, sem deixar macular-se pelo preconceito e “achismos”.

Um mundo maravilhoso seria a Terra se a ciência fosse acessível e os investimentos no estudo e trabalho dos cientistas fosse prioridade. Há países que assim o fazem. O Brasil é um caso à parte, pois no desgoverno passado, universidades públicas foram sucateadas e quase fecharam, sendo a ciência extremamente prejudicada, justo quando mais precisávamos dela. Bom, o que se pode esperar nesse estágio atual em que ainda convivemos com terraplanistas?

De fato, a ignorância mata! Destrói sem dó, nenhuma piedade e derruba construções que levaram anos a serem levantadas! Pior, há quem aposte firmemente e grandemente no fortalecimento da ignorância.

Voltando à Cultura, que é nossa área de atuação e sobrevivência, alguns oportunistas políticos viajam nas oportunidades que surgem aqui e ali, sobre as denúncias da Lei Paulo Gustavo em Catanduva.

Parte da imprensa, extremamente parcial, aproveita dessa situação para surfar nas ondas do “diz que me diz”, sem buscar fontes seguras antes publicarem suas matérias contaminadas pela ignorância dos fatos.

Para quem brada a todo pulmão sobre as irregularidades, pedimos que se informem. Conhecimento traz luz às situações controversas.

E saiba o leitor que nós, da Cia da Casa Amarela, temos todos os motivos do mundo para questionarmos os critérios da Lei Paulo Gustavo, não só pelas questões legais, como também sobre questões éticas, considerando que alguns proponentes contemplados nem artistas são, enquanto nós, há 30 anos sobrevivendo exclusivamente de teatro, moradores de Catanduva, levando o nome da cidade para todo o Brasil e exterior, com qualidade e reconhecimento de público e crítica, ficamos a “ver navios...”

Inclusive que fique claro que os artistas podem ser inscrever em outras localidades, desde que as cidades abram vagas para proponentes de fora. A Lei Paulo Gustavo permite isso. Cidades que não têm número suficiente de artistas locais podem receber inscrições de fora. A lei exige que os trabalhos inscritos em cidades diferentes, pelos mesmos artistas, sejam inéditos e não podem ser repetidos, ou seja, o proponente não pode inscrever o mesmo trabalho em cidades diferentes. Simples.

É necessário inteirar-se do assunto antes de divulgar denúncias sem fundamento.

O que sempre questionamos é até onde vai a ignorância e onde começa a má-fé?

"Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância", já afirmava o filósofo grego Sócrates. Que as pessoas possam entender, o mais urgentemente possível, as consequências devastadoras da ignorância.

Vamos em frente, produzindo e buscando sempre!

O verão alcança seu pico de calor e logo, logo, vai ser abrir as portas para o outono. As águas de março, maestro Tom Jobim, fecharão o verão, sim, com “promessa de vida em nosso coração...”

Autor

Drika Vieira e Carlinhos Rodrigues
Atores profissionais, dramaturgos, diretores, produtores de teatro e audiovisual, criadores da Cia da Casa Amarela e articulistas de O Regional.