Ser uma pessoa ética na frente de outras apenas para ser exaltado pela sua atitude é de fato ser ético? As mesmas atitudes corretas e coerentes são tomadas quando não há ninguém mais vendo e nem tampouco câmeras e holofotes?

Para refletir um pouco mais, vou contar uma história que aconteceu comigo. Eu estava em um posto de gasolina para abastecer minha moto e vi que havia uma fila única, mesmo havendo a possibilidade de uma fila dupla para abastecer, tanto pela quantidade de frentistas, quando pela quantidade de bombas.

Entretanto, mesmo eu vendo esta situação, resolvi me direcionar a outra bomba, não seguindo a fila única, à minha frente estava uma moto e um carro. Ao sair da fila única, percebi alguns olhares do motorista do carro e da moto, mas permaneci em silêncio, os frentistas não haviam reparado. Como falei, tinha noção que havia duas pessoas na minha frente.

Ao terminar de atender um carro que estava anteriormente sendo abastecido, a frentista vem em minha direção e eu avisei que estava atrás do outro carro, que havia ido para frente da bomba por conta do calor. Eis o ponto, ao conversar com o motorista do carro que estava na minha frente, a frentista falou “olhe só, o moço ai é correto, hein!”, isso me gerou uma reflexão, o fato de fazer o certo não deveria ser motivo de congratulações e festejos.

Fazer o certo é imprescindível por si só, pelo fato de ser certo. Trata-se de respeito, de conduta moral, de valores morais que construímos ao longo de nossas vidas. Mas parece que algumas atitudes só valem se forem midiatizadas, expostas para o grande público e com isso, receber uma massagem no ego.

Retomo as primeiras perguntas, ser uma pessoa ética na frente de outras apenas para ser exaltado pela sua atitude é de fato ser ético? As mesmas atitudes corretas e coerentes são tomadas quando não há ninguém mais vendo e nem tampouco câmeras e holofotes?

A meu ver, não, apenas estamos fomentando o egoísmo e um orgulho crescente em nós mesmos. Mas torço pelo dia em que agir corretamente não será mais um dado a ser noticiado, mas sim parte da conduta da humanidade, porque assim certamente viveremos mais harmonicamente.