Acordem o gigante

A expressão “o gigante acordou” foi utilizada exaustivamente em manifestações realizadas pela sociedade em 2013. Naquele ano, o aumento de R$ 0,20 centavos na tarifa do transporte público foi estopim para que milhões de pessoas fossem às ruas reclamar das condições de vida no país. O movimento, para muitos, representou o despertar de uma nova consciência política e social; para outros, o gigante acordou, mas logo dormiu. Hoje, passados mais de 10 anos, é difícil saber se haverá outro estopim que possa levar as pessoas às ruas de fato. O que ocorreu em 8 de janeiro de 2023, com ataques ao patrimônio público em Brasília, não dá para ser classificado da mesma forma. Por mais que multidões tenham se aglomerado na avenida Paulista a favor da direita ou da esquerda em diferentes momentos, é consenso que não há força popular para que alguma mudança real aconteça. Localmente, a situação é ainda pior, pois nem mesmo os fatos mais polêmicos mobilizam as pessoas. Basta ver que poucas pessoas se dispuseram em frente à Câmara Municipal quando os vereadores decidiram aumentar salários e o número de cadeiras do Legislativo. Mais recentemente, a denúncia sobre possível desvio de R$ 15 milhões dos cofres da Câmara também não causou qualquer mobilização, ainda que o Ministério Público e a Polícia Civil tenham instaurado inquéritos para apurar os fatos. Só críticas na internet não bastam. As pessoas precisam se mobilizar em torno dos órgãos existentes, associações, entidades de classe, entre outras, para requerer respeito com o dinheiro público e para que os responsáveis por eventual crime sejam punidos. A mobilização precisa ser mantida, cobrando seriedade do Poder Legislativo e que o Poder Executivo responda por suas decisões e omissões. Quando o povo mostra sua força, as coisas podem mudar. É preciso estar presente e com os olhos abertos.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.