Achados e perdidos nas páginas catanduvenses

Dias atrás, conversando com um grupo de alunos em um colégio que trabalho, entramos em um assunto sobre perder e encontrar coisas, algo comum para algumas pessoas e raro de acontecer para outras.

Lembrei-me, nesse momento, que em épocas passadas de nossa querida Catanduva, muitos itens eram procurados em várias páginas de jornais locais, dos mais variados tipos e valores.

O professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli catalogou os anúncios de vários “achados e perdidos” contidos no Jornal A Cidade, no qual faço a citação de alguns que julguei interessante, a seguir.

- “Perdeu-se no trajeto da estrada de automóveis desta cidade à Eliziário uma bolsa de senhora contendo vários objetos”(...) (28/05/1931).

- “Acha-se nesta redação uma cortina de automóvel que nos foi entregue pelo menino Dirceu... tendo-a encontrado na rua Brasil em frente a Casa Cayres”(...) (07/05/12933).

- “Perdeu-se uma aliança de ouro com as iniciais W.A.P., 1921” (...) (29/06/1933).

- “Perdeu-se uma caderneta de conta corrente do Empório Cubatão de propriedade do sr. Liberato de Vito” (...)” (16/07/1933).

- “Tendo desaparecido da casa do Sr. Mário Penna um pássaro preto, pede-se que a quem encontrá-lo fazer a entrega do mesmo que será bem gratificado”. (17/05/1934).

- “Perdeu-se uma gola de vestido (...)” (28/10/1937).

- “Acha-se na Delegacia de Polícia local à disposição do seu dono, uma sombrinha que foi achada no Dia de Finados”. (04/011/1937).

- “Perdeu-se no terceiro dia de carnaval, no Clube 7, um casaco preto de senhora”. (03/03/1938).

- “Foram entregues a esta redação 11 pulseirinhas de prata com uma chapa que está gravada o nome Therezinha”. (27/06/1938).

- “Perdeu-se um molho de chaves do portão da quadra do Cruzeiro”. (21/10/1938).

- “Perdeu-se um par de óculos, no trecho que vai da Cadeia, pela rua Treze de Maio até a rua Sergipe. Tratando-se de óculos graduados e tendo sido perdida a receita, pede-se a quem achou”. (02/06/1939). (Nessa época a cadeia ficava na esquina de Treze de Maio e Alagoas).

- “Foram achados num banco de jardim um exemplar do “O Século” e uma planta da cidade”. (10/08/1939).

- “Foi entregue a esta redação um cesta contendo caixas de injeções e vidros de remédios. O dono pode vir procurá-la”. (14/12/1939).

- “Perdeu-se uma caneta tinteiro de ouro com as iniciais JLS”. (22/04/1940).

- “Perdeu-se um sapatinho de criança, entre as ruas Minas Gerais e Brasil”. (24/01/1942).

- “Foi encontrado nos altos da cidade, uma potranca, ignorando-se a quem pertence. O dono deve procurá-la à rua Recife, 33”. (15/03/1942).

- “Perdeu-se a tampa de uma caneta ‘Parker’, peça que só é de utilidade ao próprio aparelho”. (11/06/1942).

- “Perdeu-se um pezinho de coelho com duas chaves”. (14/11/1942).

- “Perdeu-se um cabo flexível, na rua Maranhão. Pede-se a quem o achou o obséquio de o entregar na Marmoraria(...)” (29/07/1944).

- “O cobrador do Clube de Tênis solicita à pessoa que tomou emprestada a sua caneta, quando das eleições realizadas naquela agremiação, segunda-feira última, o favor de entregá-la na secretaria do Clube”. (12/01/1952).

- “Perdeu-se domingo, dia 29, entre as 09 e 10 horas da manhã, uma saia de cetim preta com estampado de branco na rua Ceará”. (31/08/1937).

- “Foi entregue a esta redação um pé de sapato de criança achado numa das ruas da cidade”. (05/01/1951).

- “Perdeu-se um capuz verde xadrez, duas faces, entre as ruas Maranhão e Cuiabá”. (02/09/1955).

- “Perdeu um leque bordado, provavelmente nas imediações da Praça 09 de Julho e rua Recife. Por tratar de objeto de estimação pede-se a quem o achou, a fineza de o entregar à rua Recife, 237. Gratifica-se bem”. (18/10/1956).

- “Perdeu-se, possivelmente na Rua Brasil ou nas imediações da Estação da EFA, uma saia azul marinho, pregueada”. (13/06/1960).

- “Calça perdida – No trajeto que vai da Rua Baía ao Parque Iracema, pelas ruas Pará e Minas, perdeu-se uma calça masculina, de cor bege”. (08/07/1960).

- Perdeu-se uma antena de rádio portátil, da Praça 09 de Julho até a Praça da República. Pede-se entregar no Bar do Povo. Gratifica-se”. (27/09/1960).

- “No trajeto da rua Ceará para a cidade, esqueceu-se em um ônibus um guarda-chuva para homem, forro de seda, cabo volteado, coberto de couro cinzento”. (21/10/1948).

- “Perdeu-se, na noite de quinta-feira última, no Cine República, uma carteira de senhora, que continha algum dinheiro e uma fotografia. A pessoa que a perdeu não faz questão do dinheiro perdido, mas desejaria receber, pelo menos, a fotografia”. (12/05/1951).

- “Há dias foi perdida a quantia acima mencionada de Cr$ 1.300,00, nesta cidade ou em Caputira (no dia de São João, provavelmente), em pequeno pacote caído do bolso, sendo uma cédula de 500, três de 200, uma de 100, uma de 50 e o restante de 20 e 10 cruzeiros, todas novas e as de 100 para baixo com o carimbo de cruzeiro. Roga-se a quem achou ou sabe de quem tenha achado o obséquio de entregar ou informar a Monsenhor Albino. Gratifica-se generosamente”. (15/07/1943).

 

Fonte de Pesquisa:

- Material pesquisado no acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino

FOTOS

Até saco de cebolas era colocado nos classificados do jornal A Cidade para ser encontrado

Calças também não escapavam das publicações do jornal, dando até gratificação neste anúncio

Um dos casos mais engraçados é este anúncio de que foi encontrado apenas um pé de sapato de uma criança em uma das ruas da cidade

Uma das pérolas de publicação é a perda de Cr$ 1.300,00, com descrição de todas as notas que compunham o valor. Aquele que a encontrasse, deveria entregar ao Monsenhor Albino. Será que foram devolvidas?

 

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.