A Vida Emocional dos Bebês
Ainda no útero, o feto recebe influências que poderão marcar sua vida para sempre. Através da ultrassonografia podemos observar o universo fetal e a sua história de desenvolvimento físico-emocional.
Não é apenas o trauma do nascimento que marca inconscientemente o indivíduo para sempre. O modo como o bebê sente suas experiências pré-natais vão se constituindo no modelo de vivências emocionais no decorrer da vida sobretudo na primeira infância.
O feto ainda no útero escuta a voz materna e paterna, os sons internos da mãe, e muito mais do que isto, a compreensão de que ele capta as emoções maternas vem cada vez mais sendo um fator de estudos e mediação na manutenção de uma gravidez satisfatória.
O nível de angústia e ansiedade da gestante, se sofrer traumas emocionais ou stress crônico ou agudo, desencadeia grande sofrimento fetal marcando profundamente o bebê, podendo acarretar problemas orgânicos e psíquicos significativos.
Apesar de não haver conexão direta entre o sistema nervoso materno e fetal, emoções como ira, medo, ansiedade, etc., fazem com que o sistema nervoso autônomo da mãe libere certas substâncias químicas na corrente sanguínea, alterando a composição de seu sangue, e que transpondo a barreira placentária modificam a bioquímica do ambiente intrauterino.
Gestantes infelizes e deprimidas têm maior probabilidade de ter partos prematuros ou de ter bebês com pesos mais baixos, podendo ser hiperativos, irritados, manifestando dificuldades na alimentação, apresentando distúrbios do sono, choro excessivo e necessidade incomum de ficar no colo.
Sendo o feto e o bebê a mesma pessoa, as características de personalidade, de comportamento, de preferências e respostas mantêm-se na vida pós-natal, e ao reviver situações estressantes semelhantes às da vida fetal, inconscientemente ele buscará o mesmo padrão de comportamento que apresentava na vida intrauterina para o alívio de suas tensões.
Como as dificuldades e ameaças estão sempre presentes na vida fetal, assim como possibilidades de alívio das tensões, podemos pensar que o sono cumpre duas funções: desligamento por ter encontrado alívio, ou um mergulho no sono para fugir de situações dolorosas.
A grande frequência de sono durante a vida fetal sugere a presença de depressão psíquica e imobilidade física que acarreta um desenvolvimento inadequado dos músculos, podendo levar à hipotonia que é o rebaixamento do tônus muscular.
Assim, a movimentação do feto é um fator importantíssimo que transmite como a gravidez está se processando, e oferece elementos valiosíssimos sobre seu estado emocional onde ressaltamos a importância das emoções maternas no período de gestação, e o quanto é primordial o ambiente imediato com rede de apoio, segurança e continente para aliviar as angústias e ansiedades maternas.
A qualidade do vínculo entre parceiros no momento da concepção e durante a gravidez é fundamental para o equilíbrio da relação mãe-bebê, uma vez que o feto consegue captar os estados afetivos maternos tanto de felicidade, tranquilidade e satisfação quanto de choques emocionais, ansiedades, raiva, depressão e estresse.
Devemos pensar as atitudes no sentido de poder proporcionar segurança e apoio à gestante que se encontra muito mais vulnerável, que colaboram para o bem-estar do bebê.
O acompanhamento psicológico para a gestante antes e depois do parto cumpre a função primordial de oferecer um espaço continente e acolhedor onde a gestante possa expressar livremente as angústias e ansiedades que está vivenciando, e que certamente beneficiará o desenvolvimento físico-emocional do bebê.
A gravidez é um período de muitas alegrias, porém desafiador para a mãe que participa ativamente com as mudanças corporais na gestação e depois no período de amamentação, necessitando de apoio incondicional do marido e de seus familiares.
A vida psíquica não se inicia com o nascimento, sendo uma continuidade da vida intrauterina, e desde o desejo de ter filhos, o bebê participa ativamente.
Este texto foi escrito ao som da música “Clareana”, com Joyce, Naná Vasconcelos.
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