A relativização da vida

Creio não ser novidade alguma a situação do povo Yanomami e como isso implica diretamente em como olhar a vida. Com isso, vem à tona a discussão de qual vida vale a pena ser vivida? Qual vida tem maior ou menor preço? Não é novidade que o atual governo deixou o Consenso de Genebra, o que gerou também certa discussão das alas mais conservadoras.

O que de fato incomoda é que se criminaliza e trata como barbárie o aborto, mesmo quando alguns casos são tratados dentro da legalidade... Pecado, criminoso, horrendo, enfim, não é este ponto em si, todavia, a morte por fome, sede, doença sem a garantia mínima da dignidade humana não seria tão ruim quanto ou até pior?

Por que ficou tão fácil relativizarmos a vida? Infelizmente temos pautado diversos assuntos sob óticas partidárias e/ou ideológicas que nos cegam ante as demais possibilidades de compreensão. A vida como um todo deve ser preservada, não somente aquelas que atendem um nicho na qual eu me satisfaço em pertencer.

Legalmente temos o quinto artigo da nossa constituição que diz “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e residentes no País a inviolabilidade do direito à vida [...]”, posto isso, não há como o meio político alienar-se a um determinado nicho e deixar o outro à mercê da sorte.

Se faz necessário humanizar o ser humano, mas como? A resposta não é fácil, para muitos não será palatável... mas é necessário que novos hábitos sejam adquiridos sob o prisma da eticidade e da moralidade, sem relativizar os valores, nem tampouco toma-los como uma verdade absoluta, é necessário uma construção coletiva, humana, afastando a ignorância e o desamor destas pautas.

É necessário educar para o bem, para a convivência harmoniosa... E isso faz parte de todas as nossas ações enquanto humanos...

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva