A Páscoa em Atos
Celebrar a Páscoa nas Igrejas Cristãs é acreditar na ressurreição de Jesus Cristo filho de Deus, e sua celebração acontece sempre no primeiro domingo após a lua cheia que ocorre no fim do equinócio de primavera/outono, hemisfério sul/norte.
A festa não é originária do cristianismo e sim do judaísmo, religião tradicional dos hebreus, conhecida como Pessach, que significa “passagem”, e para eles a festa relembra a libertação do povo hebreu da escravidão do Egito há cerca de 3500 anos.
É uma das festas religiosas mais importantes para ambos, e para os judeus ela é celebrada de acordo com calendário próprio conhecido por lunissolar, que se baseia nos ciclos da Lua e Sol, comemorada normalmente no dia 14 de nissan pelo fato de que o primeiro Pessach comemorado pelos judeus aconteceu neste dia. Este ano será de 5 de abril até o início da noite de 13 de abril, enquanto que a Páscoa para os cristãos será dia 9 de abril, e as celebrações se iniciam no domingo anterior, 2 de abril com a missa de ramos, data que foi a entrada de Jesus em Jerusalém, dando o reconhecimento dele ser o Filho de Deus. A celebração se estende pela semana com o ofício das trevas, missa dos santos óleos, missa do lava-pés e o tríduo pascal que é um conjunto de três dias de celebração da paixão, morte e ressurreição de Jesus.
Os critérios que determinaram a data da Páscoa para os cristãos foram estabelecidos pela Igreja Católica no século IV d.C. e a palavra Páscoa deriva do termo “pessach”, oriundo do hebraico e dos termos “pascha” do latim e “paskha” do grego.
As celebrações para os cristãos e judeus carregam simbologias como libertação, renascimento, um tempo de interiorização, transformação, renovação e seus símbolos são: o pão ázimo, vinhos e ervas amargas, o cordeiro que representa o sacrifício do cordeiro de Deus, as luzes, velas e fogueiras que significam a chama da luz e da esperança, os ovos que simbolizam o nascimento e a nova vida que retorna à natureza, visto que a existência de muitos animais tem sua origem no ovo, e os coelhos que representam o nascimento e a nova vida em razão de sua fertilidade pois são animais que se reproduzem rapidamente.
Conta a lenda que o rei Lombardo Alboino estava muito preocupado com os problemas da guerra, tendo se acalmado e desistido de se vingar após ter ganhado de um padeiro de Pavia um doce em formato de pomba apregoando a paz. O pão doce, chamado colomba pascal é compartilhado no café da manhã da Páscoa em alguns países europeus e na Itália, trazido para o Brasil por eles mesmos, local onde reside a maior comunidade de seus descendentes.
Os cristãos primitivos da Mesopotâmia foram os primeiros a usar ovos coloridos na Páscoa para representar a alegria da ressurreição e o reconhecimento do sacrifício, embora a tradição de oferecer ovos tenha vindo da China há séculos atrás, se multiplicando como representante da festa no mundo todo.
Os símbolos agregam a noção de significação do outro e de identidade consigo mesmo, expondo uma relação de substituição na reencenação do ato em questão.
Dentre muitas culturas e no desenvolvimento emocional, as celebrações ajudam a entendermos melhor o contexto da própria história, e independente da religião, são um meio de comunicação importante que relatam a existência humana da qual fazemos parte, nossa própria história.
Celebrar em grandes ou pequenos grupos é uma escolha sempre atrelada a nos sentirmos participantes, e independente do tamanho da festa, o número de pessoas não diminui a grandeza de sua celebração. O importante é que seja num lugar onde as pessoas partilham dos mesmos sentimentos e desejos: de paz, generosidade, disposição para olhar o outro sem julgamentos, na alegria e sobretudo com respeito, sendo uma oportunidade para celebrar de acordo com aquilo que faz sentido para cada um.
Este texto foi escrito ao som da música “In A World Of My Own”, com Diana Panton.
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