A movimentada Praça da Canção

Desde o dia 02 de maio de 1976, já funcionava, na Praça da República, a movimentada Feira de Artes, organizada pelo Clube Filatélico e Numismático de Catanduva e pelo DEPASE – Desenhistas e Pintores Amadores do SESC, que ainda contava com a colaboração do Departamento de Educação, Cultura e Recreação da Prefeitura Municipal de Catanduva e do Centro Cultural e Desportivo João Di Pietro (SESC).

Tendo como ponto de partida esta mesma feira, surgiu, através de iniciativa da professora Gilda Brandi Curtú, a vontade de se colocar espetáculos musicais em exibição na praça.

Segundo informações do professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, “(...) dentre as pessoas que participaram daquele início da Feira de Artes, levando para a praça objetos de arte, antiguidades e curiosidades, destacava-se D. Gilda Brandi Curtú. Só que ela não se sentia totalmente realizada naquela pequena feira: queria uma praça toda repleta de atrações e, como pessoa entusiasmada, fanática até pela música, já me confidenciava que se um dia desse certo, ela iria organizar aqui em Catanduva uma Praça da Canção, com muitos músicos, conjuntos, cantores, espalhados pelos quatro cantos do jardim”.

Colocando em prática

Passado esse momento da ideia inicial, D. Gilda se mudou para a cidade de São Paulo, mas retornou à Catanduva, tempos depois, sendo a responsável pela Discoteca Municipal de Catanduva e membro do Conselho Municipal de Cultura.

Isso facilitou muito a colocação de sua antiga ideia em prática, recebendo a aceitação de todos, já que os objetivos eram os melhores possíveis: desenvolver nos catanduvenses o gosto pela música, além de melhorar ainda mais a Feira de Artes da Praça da República.

Com tudo organizado e programado, em 20 de agosto de 1978 inaugurava-se a Praça da Canção, funcionando na Praça da República, com oito pontos fixos onde se apresentavam os mais diversos artistas e populares em geral.

De acordo com o jornal A Cidade, de 20 de agosto de 1978, em matéria intitulada “Inaugura-se hoje a Praça da Canção”, este trazia a seguinte matéria: “Vários conjuntos musicais e grupos literários se distribuirão hoje, pela Praça da República, para darem início a um plano de integração de artistas e músicos, incentivo aos novos valores e despertamento de talentos que jazem latentes”.

A ideia da professora Gilda contou com o apoio do então prefeito municipal Warley Agudo Romão, e funcionaria sempre no 1º e 3º domingo de cada mês.

O funcionamento

Inúmeras eram as bandas, conjuntos e duplas que se apresentavam nesse evento, como relata o mesmo jornal. “Entre os conjuntos que já confirmaram sua participação (...) estão o Sexteto Catanduva, dirigido pelo Dr. Édie Frey e que dispõe de dois violinos, um violoncelo, piano e contrabaixo; Bida e Fernando, dupla de cantores populares, vencedores de vários festivais de música popular; Grupo Folclórico, de responsabilidade de Antero Ferreira, que se dedica à Folia de Reis; e Conjunto Seresta, dirigido por Luizinho Canoso”.

Todos esses conjuntos ou duplas que se apresentavam na Praça da República recebiam um pequeno cachê, oferecido pelo comércio local.

Para controlar a movimentação financeira, o prefeito Warley Agudo Romão nomeou uma pequena comissão, instituída através da Portaria Nº 6.185, de 09 de agosto de 1978, composta pelos seguintes membros: professor Nelson Lopes Martins, professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, professor Luiz Dotto, Srta. Salete Gonçalves e o professor Giordano Mestrinelli, que exercia o cargo de presidente da comissão.

A feira funcionou por alguns anos e foi extinta, por completa, em 1984.

Gilda B. Curtú

Gilda Brandi Curtú nasceu na cidade de Ribeirão Preto, em 27 de março de 1927, iniciando-se como cantora no Colégio Nossa Senhora do Calvário, acompanhando a Irmã Aloízia (organista do coro da Igreja Matriz de São Domingos) de 1938 a 1940.

Tornou-se conhecida por cantar em festas e quermesses beneficentes, organizadas por Padre Albino e interpretou Verônica, personagem bíblica, nas procissões religiosas.

Ganhou inúmeros prêmios em toda sua vida por consequência do canto.

A partir de 1973, em Catanduva, participou da criação e direção da Discoteca Municipal e do Conselho Municipal de Cultura, empenhando-se na construção do Teatro Municipal, junto a Secretaria Estadual de Cultura e Tecnologia.

Sempre ativa, desenvolveu inúmeros eventos ligados à arte em nossa cidade, contribuindo muito para o progresso cultura de Catanduva durante muitos anos.

Fonte de Pesquisa:

- Jornal A Cidade, de 20 de agosto de 1978.

- Revista Feiticeira, ano XIV, Nº 59, dezembro de 1978.

Fotos:

Para tomar conta do dinheiro do cachê dos artistas que se apresentavam na Praça da Canção, foi criada uma comissão, no qual o Sr. Giordano Mestrinelli (sentado de terno branco no canto esquerdo) era o presidente. Nesta foto, no ano de 1956, durante a inauguração do Restaurante 65, juntamente com sua esposa Dona Maria Aparecida Fortes Mestrinelli e filhas

Feira de Artes na Praça da República em abril de 1978. Nessa época, a feira não contava com a apresentação de artistas e músicos em geral, o que passou a se realizar apenas em 20 de agosto de 1978

Primeiro aniversário da Praça da Canção, em 20 de agosto de 1979. A ideia desse evento veio a partir da iniciativa de Gilda Brandi Curtú, que sempre esteve envolvida com a arte

A Praça da Canção funcionava sempre no 1º e 3º domingo de cada mês, e contava com a presença de grande número de populares

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.