É grave a acusação feita por uma paciente sobre suposta adulteração de receita médica na UPA de Catanduva. A dona de casa de 60 anos esteve na unidade na segunda-feira, aguardou 3 horas por uma consulta de 4 minutos em que, segundo ela, o médico sequer levantou da cadeira, mesmo diante dos relatos de peito carregado e dores na cabeça e nas costas.

O mínimo que a idosa esperava, conforme relatou, seria a ausculta pulmonar. Mas ela não foi feita. Diante da lista de remédios receitada, ela decidiu, em conjunto com sua filha, que não retiraria nada e buscaria atendimento na rede particular. Temia por pneumonia ou Covid. Confidenciou ter gastado mais de R$ 450 no dia seguinte, após vaquinha feita pela família, para pagar consulta, exames e tratamento. Gastou, mas ficou tranquilizada.

Os fatos narrados por ela, entretanto, contrastam com manifestação feita pela Prefeitura, via Ouvidoria: o médico, em tese, teria pedido exame de raio-x na mesma receita dos remédios. No mínimo, estranho. A suspeita da família é que a receita tenha sido adulterada depois da reclamação inicial, feita ainda dentro da UPA.

O caso deve ter desdobramentos. Independentemente do desfecho, se é que haverá algum, está evidente que as coisas não vão bem no pronto atendimento gerido pela Associação Mahatma Gandhi. Começam a ser recorrentes as reclamações de que médicos da unidade não examinam, pouco conversam e não pedem exames. Simplesmente seguem o rito e tratam com frieza aqueles que pagam seus salários e, assim, o acolhimento que se espera está longe de ser realidade. Os fatos comprovam que o descaso tomou assento na UPA e de lá não sai.