A melhor juventude

Grandioso épico moderno italiano com uma das maiores metragens do cinema, totalizando 6h06 de filme, um autêntico “filme rio” (termo usado na crítica de cinema para se referir a filmes de longuíssima duração, cuja história atravessa gerações e contextos históricos diferentes), que acompanha a vida de dois irmãos na Itália, entre os aos de 1966 e 2003. A saga dos irmãos Carati se misturam com os principais fatos da História da Itália da segunda metade do século XX: o fortalecimento da máfia italiana, as enchentes que destruíram Florença nos anos 60, os movimentos estudantis a partir de 1968, a luta armada, os jogos de futebol que levaram o país aos grandes campeonatos do mundo, o terrorismo provocado pelas Brigadas Vermelhas, a crise política, econômica e social nos anos 90, a Operação Mãos Limpas (Tangentopoli) que culminou com a morte do juiz Falcone, e a reconstrução da Itália nas três últimas décadas. Os irmãos crescem, têm desilusões com a política e com o mundo, precisam escolher os rumos a tomar quanto a trabalho, sofrem perdas, e junto com familiares e amigos, precisam fazer escolhas. Ao longo da trama, partem para destinos opostos, mas uma garota internada em um asilo poderá unir os dois e assim modificar a vida da família Carati.

É também um “filme coral”, aquele que explora diversos temas, com muitos personagens entrando e saindo das histórias, e misturando gêneros (o filme é drama, romance, há momentos de cinema policial, pitadas de humor etc).

O contexto histórico também é registrado pelas roupas dos personagens e pelas canções marcantes – tem, por exemplo, “House of rising sun”, de The Animals, que simboliza os anos 60, até “Who wants to live forever”, de Queen, dos anos 80.

Venceu o prêmio ‘Um certo olhar’, em Cannes em 2003, além de seis prêmios David di Donatello (o Oscar italiano, incluindo melhor filme, roteiro e direção) e outros 25 prêmios em festivais mundiais (como Rotterdam, Nova York e Denver).

O diretor é um mestre da linguagem cinematográfica contemporânea, o italiano Marco Tullio Giordana, que dirigiu “Pasolini, um crime italiano” (1995), “Os cem passos” (2000), “O preço da vida” (2005) e “Piazza Fontana: Uma conspiração italiana” (2012).

O filme saiu há pouco tempo em DVD em uma imperdível edição especial de colecionador, pela Versátil em parceria com a Arteplex Filmes. São três DVDs, contendo o filme em duas partes e um disco com mais de duas horas de extras – incluindo uma masterclass do diretor quando veio relançar o filme nos cinemas em São Paulo, em 2019.

 

A melhor juventude (La meglio gioventù). Itália, 2003, 366 minutos. Drama. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Marco Tullio Giordana. Distribuição: Versátil

Autor

Felipe Brida
Jornalista e Crítico de Cinema. Professor de Comunicação e Artes no Imes, Fatec e Senac Catanduva