A integração regional de Adalberto Bueno Netto

Catanduva pôde contar, desde seus primórdios, com uma infinidade de pessoas que se envolveram nas questões políticas e beneficiaram demais o próprio desenvolvimento de nossa cidade.

Seria difícil citar um nome específico que se destacou em nossa política local, já que muitos atores políticos foram fundamentais em nossa construção como município.

E por falar em política, devemos levar em consideração que a política é entendida como a arte de governar e o uso do poder para defender os direitos de cidadania. A ideia da política é ter uma forma de organizar a sociedade, em seus diversos âmbitos, evitando que chegue a um caos sem ordem ou a uma bagunça tratando da convivência dos diferentes.

Ela é fundamental na vida de todos, pois através da política se constrói a vida da população.

Política é coisa séria e não apenas para ser lembrada em períodos de eleições, onde somos praticamente obrigados a votar, senão sofremos uma sanção. No entanto, todos os indivíduos são passíveis de análise política, pois, tal ciência perde a validade se não expressar a preocupação de inserir todos os indivíduos no processo de construção da sociedade.

Primeira eleição

Mesmo percebendo que a política é uma prática coletiva, um nome se destacava na pesquisa realizada sobre a primeira eleição de Catanduva: Adalberto Bueno Netto, pessoa que desenvolveu grande trabalho dentro de nossa cidade.

Nascido na cidade de Mogi Mirim – SP, em 29 de junho de 1892, chegou na cidade de Catanduva no ano de 1915, tendo fixado residência anteriormente em Taquaritinga.

Sempre foi homem de grande visão, pensando grande, exercendo durante sua vida os cargos de farmacêutico, empresário e político.

Foi integrante da primeira Câmara Municipal de Catanduva, formada em 1918, que era composta por seis membros: Adalberto Bueno Netto, Joaquim Delphino Ribeiro da Silva, José Pedro da Motta, Ernesto Ramalho, Nestor Sampaio Bittencourt e Francisco de Araújo Pinto, eleito pelo Partido Republicano Paulista, sendo reeleito para o mandato de 1929 a 1931. Além disso, também foi presidente da Câmara Municipal de Catanduva de 1936 a 1939.

Abrangendo um campo político maior do que o terreno de Catanduva, Adalberto foi eleito deputado estadual em 1922 pelo PRP e no governo de Armando de Salles Oliveira foi Secretário da Agricultura, tendo efetiva participação na implantação da Fazenda Experimental de Pindorama.

Em Catanduva, teve participação ativa em vários estabelecimentos, dentre eles, foi um dos fundadores e o primeiro presidente do Clube de Tênis (1929 a 1932), Rotary Club de Catanduva (02/05/1936 a 30/06/1937) e Santa Casa de Misericórdia, fazendo parte da comissão organizadora.

Além disso, influenciou a construção do prédio da rua Maranhão nº 898 (onde hoje se encontra a Fatec), que abrigava o Lyceu Rio Branco, primeiro ginásio e escola normal da cidade. Adalberto também participou como voluntário na Revolução Constitucionalista de 1932.

Integração regional

De acordo com o livro A História de Catanduva de A a Z, de Vicente Celso Quaglia, este nos informa que durante a época em que Adalberto pela primeira vez foi prefeito em Catanduva, de 1º de janeiro de 1919 a 15 de janeiro de 1920, “(...) sua maior preocupação foi integrar a região, destacando-se a sua administração pala abertura de estradas, tornando Catanduva centro comercial da região (a primeira estrada que mandou abrir foi Catanduva/Itajobi, e depois Catanduva/Tabapuã e Catanduva/Ibirá)”. Procurou sanear a várzea do Ribeirão São Domingos, cujo aterramento minimizou o problema das enchentes, que já na época, era alvo de preocupações.

Foi também durante a sua gestão como prefeito que apareceram em Catanduva os primeiros veículos a motor.

Vale destacar que Adalberto Bueno Netto foi eleito prefeito não apenas em uma eleição, mas por três legislaturas: de 1º de janeiro de 1919 a 15 de janeiro de 1920; de 15 de janeiro de 1926 a 05 de novembro de 1930; e de 20 de maio de 1936 a 16 de janeiro de 1937.

Na parte comercial, era proprietário da agência da Ford em Catanduva, onde sua agência se localizava em prédio da rua Brasil nº 55. Era um grande administrador e empresário, fazendo sua empresa bater o recorde de vendas, sendo então convidado pelo então proprietário da Indústria Ford, Henry Ford, para uma viagem aos Estados Unidos.

Em 14 de abril de 1971, recebeu da Câmara Municipal de Catanduva, título de Cidadão Benemérito.

A Revista Feiticeira, de junho de 1978, nos trouxe uma triste notícia: “Dr. Adalberto Bueno Netto, último remanescente da primeira Câmara Municipal de Catanduva, ex-prefeito, ex-secretário de agricultura e membro de uma das famílias mais tradicionais de Catanduva, faleceu no dia 26 de abril de 1978, em São Paulo”.

Deixou a esposa Elza Molitor Bueno Netto e dois filhos, Gilberto Molitor Bueno Netto e Carlos Alberto Bueno Netto.

Atualmente, uma das ruas do Jardim Paraíso, em Catanduva, leva seu nome.

 

Fonte de Pesquisa:

 - Livro A História de Catanduva de A a Z, de Vicente Celso Quaglia

 - Revista Feiticeira, de junho de 1978

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.