A indignação e o verdadeiro cidadão de bem

O cidadão de bem! Este termo ficou muito conhecido e ainda hoje é usado por alguns grupos de pessoas. Em sua definição, o cidadão de bem seria aquele que cultiva valores cristãos, família e teria condutas morais adequadas. O problema se dá quando a religião é usada como preceito para afrontar outros credos e crenças, outras formas de relacionamento e etnias, indo na contra mão dos ensinamentos cristãos trazidos por Jesus.

Se observarmos realmente as parábolas de Jesus, seus companheiros de jornada terrestre e todos os ensinamentos, estes subvertem algumas compreensões da atual conotação tomada por alguns. Jesus andou com os de má índole, pregou o perdão, a justiça, a caridade, o amor. Respeitou todos em suas ações, se opôs aos hipócritas e ainda teve tempo de nos mostrar que fora da caridade não existe salvação.

Neste sentido, seguir os passos de Jesus, em tese, deveria ser fácil. Entretanto, a realidade mostra-se muito mais complexa e divergente. Hoje, muitos se encantam com chacinas, com truculência. Outros julgam e apontam aos que pensam diferente, chegando a ofensas e mortes. Pensam nas riquezas terrenas, cegando-os ante as mazelas sociais. Cruzam a rua quando avistam um morador de rua. Enfim, existem inúmeras considerações a serem ditas sobre o cidadão de bem da atual estrutura social.

Mas, tais atitudes confrontam diretamente os ensinamentos de Jesus, o verdadeiro cidadão de bem fica indignado frente às injustiças sociais, frente ao preconceito, racismo, ódio deliberadamente gratuito aos que são diferentes. Essa indignação se torna ação, nem que seja pequena. O verdadeiro cidadão de bem busca fazer o melhor de si não apenas para se engrandecer, mas pelo bem social. Não usa sua religião ou poder econômico, nem tampouco uma orientação sexual para constranger o próximo, ele os aceita como são, pois, sabedor de fato das leis de Deus, encontra ali um irmão, que por vezes necessita de ajuda.

Se realmente querem usar o título de cidadão de bem, inicialmente devem se desfazer das amarras do preconceito, do ódio e da abominação e revestir-se de amor, de caridade e compreensão, afinal, Jesus deixou claro isso e apenas isso para chegar à casa de Deus.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva