A importância da saúde mental dos atletas brasileiros
A preparação dos atletas, sejam homens ou mulheres, para um evento mundial da grandeza de uma Copa do Mundo de Futebol Feminino vai além do treinamento físico e tático. Cuidar da saúde mental e alimentar dos profissionais do esporte é essencial para garantir o melhor desempenho e bem-estar durante a competição. A saúde mental é uma preocupação crescente no esporte, e o futebol feminino tem ganhado cada vez mais destaque.
Na visão de uma profissional da área, a resistência sobre saúde mental no mundo do futebol está diminuindo consideravelmente nos últimos anos. A força da mudança está acontecendo no futebol feminino, que já soma várias intervenções de sucesso. Porém, no masculino, há uma resistência maior. Mesmo assim, o trabalho voltado ao treino mental tem ganhado cada vez mais espaço e isso se deve ao resultado que os atletas percebem na melhoria da performance.
Saber lidar com as questões emocionais, como a frustração, o medo e a ansiedade, é necessário para fortalecer a mente de fatores externos, para que esses profissionais consigam de fato enfrentar os desafios externos da vida tanto profissional como pessoal e compreender que ambas andam juntas e são necessárias para uma jornada de sucesso como atleta.
O cuidado da saúde mental deveria ser exercido desde as categorias de base, pois muitas meninas saem para o profissional ainda sem uma estrutura emocional organizada e fortalecida. Os clubes e os profissionais do esporte deveriam, a meu ver, se preocuparem com esse trabalho de maturidade emocional logo no início da vida amadora de seus atletas. O trabalho mental nos clubes é extremamente necessário. Apesar de alguns clubes contarem com profissionais dedicados à mente dos atletas, muitas vezes as categorias têm alto número de atletas para um único profissional, impossibilitando o trabalho individualizado e contínuo, sendo a intervenção feita apenas com alguns atletas de determinada categoria.
Além do acompanhamento psicológico em grupo, é imprescindível ofertar também a possibilidade para que essa criança - a iniciação na carreira esportiva tem começado cada vez mais cedo, com 9 anos ou menos, por exemplo - tenha a individualização de tratamento e possa desenvolver o fortalecimento emocional que é tão necessário para a construção não apenas de atletas mais preparados para enfrentarem os dissabores da vida, mas também para a contribuição da criação de uma sociedade mais emocionalmente estável desde tenra idade.
Amanda Ciaramicoli
Psicanalista esportiva e treinadora mental de atletas
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