A hipocrisia

Há alguns meses atrás ouvíamos em alto e bom som que as Universidades Públicas estavam repletas de usuários de drogas, que seus alunos pouco contribuíam para a sociedade. Inclusive temos um projeto de lei de um deputado do PL que tenta incluir mensalidades em universidades públicas.

Porém, um silêncio constrangedor reina em relação às atitudes dos alunos de Medicina da Unisa, os grandes combatentes do ensino público e defensores das instituições pagas calam-se ante à polêmica. Para quem não acompanha as notícias e fica resignado à espera do whatsapp, trata-se da atitude dos alunos de Medicina que, durante um jogo de vôlei feminino, na Intermed, invadiram a quadra simulando o ato da masturbação.

Claro que haverá quem defenda, afinal, é apenas um “trote”, uma “brincadeira” que não representa uma verdade. Sempre haverá estes discursos odiosos de quem apoia crimes, aliás, esta ação é tipificada como importunação sexual, que nada tem de brincadeira, nem tampouco de lúdico. Um dado interessante de ser apontado, de acordo com os dados da CNJ, mulheres na faixa etária entre 16 a 24 anos, 76,1% já foram vítimas de algum tipo de assédio sexual.

Não podemos deixar de falar que a mensalidade destes “alunos de bem” gira em torno de 9 mil reais. Agora pergunto, porque há este silêncio enlouquecedor dos que viviam atacando as Universidades Públicas? Será que isso tem alguma ligação com status e poder aquisitivo? Será que está vinculado à classe social?

O que realmente importa é que devemos combater tais atitudes e cobrar uma ação firme contra todos estes alunos, não podemos mais permitir que “brincadeiras” asquerosas como essa sejam ventiladas para nós de forma que tenhamos que aceitar crimes tal qual esse só por serem “futuros médicos”.

Também devemos cobrar todos que atacam a Universidade Pública para observarem e ponderarem suas falas, já que a exemplo, USP, Unicamp e Unesp estão entre as melhores universidades do país e mundo.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva