A ética da conveniência

As relações sociais acontecem pela associação de interesses comuns para um determinado fim. Nas sociedades primitivas, estas relações se davam em ambientes hostis e a necessidade de alimento para sobrevivência e perpetuação da humanidade. Todavia, ao longo dos séculos, as relações sociais mudavam sua estrutura, mas ainda assim, era uma espécie de relação que se levava em conta as necessidades comuns, uma troca em que era oferecido algo por outra coisa de comum interesse.

Com a revolução industrial, novamente muda-se a estrutura das relações, agora pela troca de salário, a mão de obra é oferecida, de certa forma acentuando uma desigualdade entre os elementos envolvidos nesta relação. Entretanto, há uma forma de relação social que é baseada na conveniência, trago aqui como uma ética conveniente, pautada pela imoralidade em um ou todos os relacionados com o objeto de desejo comum.

Podemos notar muito mais nitidamente esta ética da conveniência no meio político, em que oposição e situação se unem para manter o status quo, ou seja, manterem-se com o poder, mesmo que evidentemente troquem farpas ao longo do jogo político. Ambos os lados, convenientemente jogam no lixo suas “ideologias”, sem senso de justiça e sua moralidade.

Da mesma forma acontece com aqueles elementos que se aproximam para extrair ou conseguir algo ou alguma informação, ou ainda, se valer da capacidade de outrem para benefício próprio e no tocante às consequências, ignoram toda contribuição recebida, vangloriando-se daquilo que sequer construíram. A moral, nestes casos é relativa, pois passo por cima de meus valores (se é que existem), para galgar espaço.

Infelizmente existem muitos destes casos na nossa efêmera malha social, o pedantismo destas pessoas é digno de pena, porém, ao mesmo tempo, torna-se um miasma, já que através desta relativização casual, outras pessoas servirão de degrau. Enquanto ainda estivermos baseados no absolutismo moral ou ainda na relativização moral, não conseguiremos alcançar valores universalmente desejáveis para a convivência ética na sociedade.

E para que haja uma mudança de fato, é necessário olhar para as situações e perceber se as ações beneficiam um coletivo ou somente há benefício unitário? Há respeito mútuo ou existe a presença unilateral de interesse? É importante que descentremos nosso ponto de vista e observemos o outro como parte da construção, para assim avançarmos enquanto sociedade.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva