À Espera de um Milagre

Terminamos mais um torrencial capítulo da história eleitoral brasileira, marcado por momentos, tão somente, lamentáveis.

O ápice da democracia, o voto, que é precedido pela campanha, o encontro íntimo do candidato com o eleitor, foi um espetáculo sórdido e maculado por mentiras, “Fake News” e incoerências.

A parcialidade das pesquisas, da mídia e de várias instituições revelaram uma democracia brasileira imatura, incapaz de sobrepor as fraquezas e mazelas que açoitam a nação.

O povo brasileiro, com a fragilidade de muitos e a impetuosidade de tantos, ficou alheio às questões fundamentais para a construção de uma sociedade verdadeiramente independente.

Debates acerca da educação, saúde, geração de empregos, infraestrutura, transporte e segurança pública, foram deixados de lado, dando espaço a intermináveis provocações para macular a moral do adversário. Uma disputa implícita para mostrar quem era menos corrupto.

Os poucos lapsos de imersão neste cenário propositivo tinham sempre como pano de fundo a intenção de levar o eleitor a realizar comparações desnecessárias, que nada contribuíam para o verdadeiro enriquecimento do processo.

A manipulação de dados, pinçados de forma a distorcer a realidade, eram nítidos artifícios para confundir a inteligência do cidadão.

Um país continental, heterogêneo, plural, de todas as cores e formas, de todas as classes e gêneros, de todas as crenças e gostos, digladiou-se. Seus pretensos representantes personificaram os papéis de soldados no front de guerra.

No conhecido drama americano que denomina este artigo, o inocente detento, John Coffey, no corredor da morte, opera milagres e conquista a todos, inclusive o comandante geral do instituto penal, que vê sua esposa salva pelas mãos do gentil prisioneiro.

Vejamos como será na vida real. Apesar de algumas semelhanças com a fantasia, uma árdua e paradoxal missão, ser igual e diferente, para de fato, unir os Brasis.

Gleison Begalli

Professor e presidente da Câmara de Catanduva

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Artigos de colaboradores e leitores de O Regional.