A educação está doente

Estava com outro texto escrito e pensando para ser enviado na data de hoje (27/03/2023), mas um acontecimento triste me levou a repensar e reescrever, chegando a atual temática... “A educação está doente”.

Morte em escolas nos Estados Unidos por atiradores, esfaqueamento e morte em escolas no Brasil, professores acometidos por depressão, alunos com crise de pânico, essas e muitas outras situações tem sido noticiadas com tristeza pelas redes sociais. É claro que muitos doutos senhores acreditam que é através do autoritarismo, do espancamento, do trabalho infantil que isso seria resolvido, outros ainda afirmam que professores ganham bem e que tudo é mimimi (odeio essa expressão idiota).

A pandemia agravou muitos sintomas latentes na população, fez com que tudo tomasse proporções inimagináveis. O imediatismo na resolução de situações de conflito também não auxilia em uma resposta objetiva a este problema. Falta algo mais, falta um olhar especializado de um psicólogo na escola, mas desde a esfera federal, até a municipal, todos os envolvidos na educação, sejam professores, sejam alunos, são tidos como números.

Depois da tragédia, várias e várias notas de pesar, várias pessoas que nunca estiveram envolvidas diretamente na educação dando pitaco, como se fosse algo a ser resolvido com um estalar de dedos. A escola não pode ser culpabilizada pelas mazelas sociais e para quem conhece um pouco das políticas públicas e da mercantilização envolvida, sabe que historicamente, colocou-se a responsabilidade da formação para o trabalho nas costas da escola e consequentemente, nos professores.

Fato é que para que muitas coisas mudem, é necessário investir no humano, acolher estes doentes, professores e alunos, até quando vão deixar de colocar um psicólogo nas escolas pela afirmação de verba se há outros diversos gastos incalculáveis? Até quando a vida e saúde serão deixadas de lado em detrimento de políticos em seus gabinetes, afastados da realidade em que vivemos?

Hoje perdemos uma professora, neste mesmo dia, seis pessoas morreram em um ataque nos Estados Unidos, perdemos um amigo pela depressão, outros tantos estão assim, isso somente no âmbito dos docentes, sem contar as crianças e adolescentes que são tratadas como “mimizentos” e são esquecidos por todos.

Precisamos deixar um pouco de lado esta sina conteudista, para preparar mãos de obra barata, sem formação humana e ética para de fato educar para a vida, para a o respeito mútuo, para resolver conflitos de forma racional e pacífica. Precisamos muito mais do que infindáveis livros e apostilas em salas lotadas, quentes e sucateadas, precisamos de um olhar que nos torne humanos novamente.

Um olhar que possa restaurar a dignidade da docência, um olhar que preserve as crianças e possa ser eficiente nas ações de prevenção e restauração de situações complexas como esta.

Precisamos deixar de ser números para sermos olhados como vidas, precisamos de valor! 

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva