Não é surpresa para ninguém que conviver eticamente, pautado nos valores morais universalmente desejáveis, como solidariedade, generosidade, respeito mútuo deveria ser o objetivo comum de todos, enquanto membros desta sociedade. Entretanto, para alguns, isso não passa de uma utopia, um desejo inalcançável, não pela complexidade de tal proposta, mas por não haver disposição em se desfazer de comportamentos há muito há classificados como inadequados para o convívio social.

Neste mesmo sentido, o pedido de tolerância irrestrita acaba por deixar uma lacuna em que tais valores morais devem ser exigidos, ou seja, sob os auspícios de se propor uma situação em que há tolerância aos intolerantes, pode levar a sociedade ao fracasso. Karl Popper elaborou o Paradoxo da Tolerância, na qual ele reflete que a tolerância irrestrita aos intolerantes, pode colocar a sociedade em uma situação de impossibilidade de convivência, entretanto, ao sermos intolerantes com os intolerantes, podemos nos tornar quem combatemos.

Tal paradoxo parece nos deixar ilhados, sem condições de agir. Mas não é bem assim, a estrutura social pode e deve, aos poucos, expurgar a discriminação, o ódio, preconceito de suas entranhas, mas como? Com educação. Educar em valores permite que construamos e desenvolvamos nossa moralidade, mas não é qualquer moral, nem tampouco aquela que acreditamos ser válida apenas para nossas concepções. A moral que devemos desenvolver é aquela em que o eu e o outro estão juntos sendo beneficiados e que as injustiças sociais nos cause indignação, que o preconceito e a discriminação de qualquer espécie sejam combatidos.

Para tanto, a educação é o caminho, desde a mais tenra idade, educar os professores, pais e todos que estão envolvidos na malha social também é necessário, afinal, nas palavras de Paulo Freire “a educação não muda o mundo, mas ela munda as pessoas e pessoas mudam o mundo”. Precisamos combater a lógica do individualismo, do egoísmo social e só com a educação plural, inclusiva, ética é que alcançaremos uma sociedade possível de se conviver eticamente.