A ARCOS e um mundo melhor para todos

O pensamento comum ainda está muito voltado para a ideia da felicidade individual. Todos querem ser felizes, e a maioria ainda acredita que isso é possível realizar solitariamente. Imaginem um formigueiro ou uma colmeia em que cada inseto resolvesse cuidar da própria vida, buscar seus interesses pessoais, propondo que os outros cuidassem das suas vidas individuais.

Imaginem uma célula do nosso corpo abandonando as demais e querendo a sua realização pessoal. Que tal então um determinado planeta de um sistema solar, ou uma folha de uma árvore, ou ainda a gota de um rio propondo uma nova vida, apartada dos outros astros, das outras partes da árvore, ou do resto do rio?...  

Sim, a comparação é pertinente. Cada um de nós é parte de algo bem maior. Somos, cada qual, a gota de um oceano ou a célula de um organismo. Podemos ter a impressão de absoluta individualidade, mas somos muito dependentes uns dos outros. Basta observar que os nossos corpos e mestres são formados a partir de substâncias e conteúdos fornecidos pelos outros, e que, sem os quais seriam impossível experimentarmos as dores e as delícias da dimensão humana.  

Somos, portanto, e somos humanos em razão dos nossos relacionamentos com os outros. E ainda mais: somente por meio desses relacionamentos podemos nos tornar melhores. Isso significa que o outro, o próximo é fundamental para que eu exista, manifeste a minha dimensão humana e desenvolva o meu potencial supra humano.  

A felicidade individual é uma conquista tão consistente quanto a saúde apenas de uma parte do corpo ou a saciedade para uma parte da população. Não é o bastante. Precisamos cada vez mais olhar para a vida como uma realidade abrangente, sistêmica, inclusiva. E a partir da percepção de que somos essencialmente iguais em dignidade e socialmente codependentes, devemos superar as atitudes egocêntricas e inaugurar uma nova etapa em nossas existências, em que reconhecemos que o bem "do outro" é intrínseca e necessariamente também o bem próprio.  

O materialismo é individualismo, em que o progresso individual acontece às vezes custas da derrota dos outros (econômica, industrial, intelectual, ou em qualquer outro plano da atividade humana) são forças geradoras dos conflitos que caracterizam a nossa sociedade. A paz será alcançada quando não almejamos mais ser melhores que os outros, mas nos tornar o melhor de nós, e o melhor para os outros. 

Esse é o espírito da ARCOS - Associação e Rede de Cooperação Social  - instituição sediada na região de Catanduva, e que congrega Organizações da Sociedade Civil que, juntas e em rede, dedicam-se ao bem estar das pessoas, especialmente aquelas em situações  de vulnerabilidade social.  

O nosso sonho não  é  alcançar uma espécie cinematográfica (e falsa) de felicidade individual, mas trabalhar permanentemente para a construção de um mundo melhor para todos.

Autor

Wagner Ramos de Quadros
É presidente da ARCOS e articulista de O Regional.