A apoteótica recepção de Figueiredo

Uma verdadeira multidão esteve na Estrada de Ferro, em 22 de agosto de 1978, para recepcionar o General João Batista Figueiredo e sua comitiva, composta do futuro vice-presidente da República, governador Aureliano Chaves; do governador Paulo Egydio Martins; do Secretário dos Transportes, Dr. Thomaz Magalhães; do presidente da ARENA de São Paulo, Cláudio Lembo; do futuro governador do Estado de São Paulo, Paulo Salim Maluf; além de deputados e senadores.

A comitiva desceu na Estrada de Ferro às 09:00, caminhando rapidamente a pé pela Rua Brasil, até a Praça da República, em menos de dez minutos.

Lá, o general tomou um cafezinho rápido no Café Renascença, seguindo todos para o trevo.

Depois de descerrada a placa de inauguração, em palanque armado, fizeram uso da palavra o prefeito de Catanduva Warley Agudo Romão, o Secretário de Transportes, Dr. Thomaz Magalhães e o futuro presidente da República, General João Batista Figueiredo.

Organização

Antes mesmo de chegar em Catanduva, o General Figueiredo já tinha dialogado com quatro delegações regionais: uma de prefeitos; outra de cafeicultores; uma de canavieiros; e outra de comerciantes e industriais, que tiveram, cada uma, quinze minutos para exporem suas reivindicações.

Assim que chegou na Estrada de Ferro, em Catanduva, foi recebido por mais de 2.000 pessoas, inclusive alunos que foram dispensados das escolas e por componentes do Tiro de Guerra, trajados a paisano. Todos estavam empunhando bandeirolas adquiridas e distribuídas pela Prefeitura Municipal de Catanduva para este fim.

Da estação, a comitiva seguiu a pé até a Praça da República, onde houve uma pequena parada para um cafezinho, e seguiram para a inauguração do trevo do cruzamento da SP-310 e com SP-321.

Após a inauguração, às 09h55 horas, a comitiva se deslocou para o Aeroporto de Catanduva, seguindo de avião para a cidade de Bebedouro.

Discurso do General Figueiredo

“Ao dirigir-me ao povo de Catanduva, desejo de início agradecer a calorosa manifestação com que me recebeu, a mim e ao Dr. Aureliano Chaves, mas depois de ouvir as palavras do prefeito desta cidade, achei do meu dever dizer algo. Confesso que me surpreendeu as palavras do senhor prefeito, por benevolentes e, porque não dizer, exageradas a meu respeito. Se êxitos tive, através de minha vida militar, eu os tive porque encarava sempre que era meu dever retribuir com o máximo de esforço aquilo que a Nação me dava. Por isso estudei. Estudei e tive sorte e as bênçãos de Deus.

(...) Disse o senhor prefeito que sou um homem preparado. Eu sou um homem preparado para receber as vicissitudes da vida, para ser derrotado e começar tudo de novo. Se alguma coisa estes anos de estudo me deram, deram-me força de vontade e, principalmente, deram-se através dos contatos nessas viagens que tive, que fiz Brasil afora, de conhecer o nosso povo. Estas duas coisas, a minha força de vontade e o conhecimento que eu tenho de nossa gente, que é a bagagem que eu trago para assumir a presidência da República. O resto vai depender dos senhores. Porque eu tenho aprendido muita coisa em contato com o povo, inclusive a sentir que o povo são aqueles meus soldados trajados de civis. É a mesma gente que sofre, que sente, que ama, com qualidades e os defeitos de todo ser humano, mas que tem uma característica, que é saber quem fala a verdade.

(...) Confesso-me sumamente lisonjeado e desvanecido por tudo isso que vi aqui em Catanduva, no dizer do senhor prefeito dessa cidade gostosa de se viver. E eu digo isto porque já sinto gosto por Catanduva, só pela manifestação e pelo olhar de sua gente. E é levando este olhar de esperança e contando com o apoio desta que vou continuar a minha peregrinação e, vez por outra, voltarei meus olhos para cá, para lembrar-me que aqui ficou uma gente que me apoia e que não vai permitir que eu me descaminhe ou que eu perca o meu impulso inicial. Muito obrigado aos senhores.”

O trevo

O trevo do cruzamento da SP-310 com SP-321 foi uma grande obra que custou aos cofres públicos a elevada soma de Cr$ 27.040,400,00. A licitação foi feita quando era Secretário dos Transportes o engenheiro Paulo S. Maluf. Possui 5.926,75 metros de extensão, mais duas pistas, incluindo duas alças de 4,90 metros de largura e looping de 7,50 metros; a plataforma tem 39 metros nas duas pistas, incluindo um canteiro no centro; as pistas de rolamento tem 7,00 metros de largura cada uma, além dos acostamentos pavimentados; dois viadutos com 40 metros de comprimento completam a sua estrutura. Ele é todo construído em concreto base, que por sua vez é feita de solo cimento, sendo a capa de material usinado.

A obra veio solucionar problema do mais angustiante para a cidade e região e foi construída para substituir o antigo existente, que pela sua precariedade foi palco de inúmeros acidentes fatais.

Fonte de Pesquisa:

- Jornal A Cidade, de 22 de agosto de 1978.

- Jornal A Cidade, de 23 de agosto de 1978.

- Material pesquisado no acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino.

Fotos:

João Baptista de Oliveira Figueiredo foi um geógrafo, político e militar brasileiro, tendo sido o 30º Presidente do Brasil, de 1979 a 1985 e o último presidente do período do regime militar

Grande quantidade de pessoas esteve na Estrada de Ferro, em 22 de agosto de 1978, para recepcionar o General João Batista Figueiredo e sua comitiva, composta do futuro vice-presidente da República, governador Aureliano Chaves; do governador Paulo Egydio Martins (foto); do Secretário dos Transportes, Dr. Thomaz Magalhães; do presidente da ARENA de São Paulo, Cláudio Lembo; do futuro governador do Estado de São Paulo, Paulo Salim Maluf; além de deputados e senadores

Na foto, é possível ver Maurílio Vieira, Presidente João Batista Figueiredo, Gerson Sodré e Gerson Gabas, em 22 de agosto de 1978

O trevo do cruzamento da SP-310 com SP-321 foi uma grande obra que custou aos cofres públicos a elevada soma de Cr$ 27.040,400,00. A licitação foi feita quando era Secretário dos Transportes o engenheiro Paulo S. Maluf. Foto tirada na época de sua inauguração (1978)

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.